Tanto as válvulas-balão expansíveis quanto as autoexpansíveis foram testadas em estudos randomizados com excelentes resultados. Embora as duas tecnologias tenham suas vantagens específicas, a possibilidades de reposicionar ou de ser recolocada na bainha é exclusiva das próteses autoexpansíveis, juntamente com um melhor ajustamento à anatomia do paciente.
O estudo CHOICE, publicado em 2014 no JAMA, foi um dos únicos trabalhos randomizados que comparou os dois tipos de válvula. Dito estudo demonstrou a superioridade da prótese-balão expansível. Hoje o CHOICE é obsoleto porque utilizou dispositivos de primeira geração que já não estão disponíveis no mercado.
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Este novo trabalho publicado recentemente no JACC comparou a nova prótese autoexpansível ACURATE neo (NEO) com a mais recente geração da prótese-balão expansível SAPIEN 3 (S3). Para isso, foram incluídos 1.121 pacientes, dentre os quais 622 receberam a S3 e 311 receberam a NEO.
As complicações intra-hospitalares foram comparáveis entre a NEO e a S3, incluindo AVC (1,9% vs. 2,4%; p = 0,64), complicações vasculares maiores (10,3% vs. 8,5%; p = 0,38) ou sangramento que compromete a vida (4,2% vs. 3,7%; p = 0,72).
A falha do dispositivo também foi similar entre ambas as próteses (10,9% vs. 9,6%; p = 0,71), com mais regurgitação paravalvar na NEO (regurgitação moderada a mais que moderada 4,8% vs. 1,8%; p = 0,01), mas com uma taxa menor de gradiente elevado (≥ 20 mmHg, 3,2% vs. 6,9%; p = 0,02) e de marca-passos (9,9% vs. 15,5%; p = 0,02).
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A mortalidade e a segurança aguda dos dispositivos em 30 dias foram similares, embora somente um mês seja definitivamente pouco tempo para o momento que estamos vivendo no que se refere ao implante percutâneo da valva aórtica.
Conclusão
Um alto índice de sucesso técnico e excelentes resultados clínicos caracterizaram ambas as válvulas. As mesmas se diferenciaram por uma menor taxa de marca-passos e de gradientes elevados com a ACURTE neo e uma menor taxa de regurgitação paravalvar com a SAPIEN 3.
Comentário editorial
Ambos os dispositivos contam com anéis que têm a função de minimizar a regurgitação paravalvar. De fato, com a SAPIEN 3 alcançou-se o impressionante índice de 1,8% de regurgitação moderada a mais que moderada. Os mencionados anéis têm como contrapartida o fato de interagirem com o trato de saída do ventrículo esquerdo, o que aumenta a taxa de novos marca-passos.
Título original: Multicenter Comparison of Novel Self-Expanding Versus Balloon-Expandable Transcatheter Heart Valves.
Referência: Oliver Husser et al. J Am Coll Cardiol Intv 2017;10:2078–87.
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