Mais de 4 milhões de pacientes com angina crônica estável se submetem a um estudo diagnóstico por suspeita de doença coronariana nos Estados Unidos. A maioria desses estudos são funcionais e podem conduzir a uma coronariografia invasiva seguida de revascularização. A tomografia surgiu como uma alternativa graças a sua precisão diagnóstica para excluir doença coronariana (valor preditivo negativo de entre 97% e 99%), mas tem como ponto negativo seu escasso valor preditivo positivo (64% a 86%).
Para melhorar dito valor preditivo positivo surgiram programas que, utilizando modelos de dinâmica de fluidos, podem calcular um FFR não invasivo derivado da tomografia (FFRCT).
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O FFRCT se correlaciona relativamente bem (r=0.82) com o FFR invasivo, mostrando uma sensibilidade de 86% e uma especificidade de 79%.
O estudo PROMISE (PROspective Multicenter Imaging Study for Evaluation of Chest Pain), que testou a efetividade da coronariografia por tomografia, deu a oportunidade de explorar o potencial de agregar o FFRCT à informação anatômica.
O estudo observacional determinou o grau de correlação entre o FFRCT positivo (≤ 0,80) e a angiografia, tanto a invasiva convencional quanto por tomografia. Considerou-se significativa a lesão ≥ 50% no tronco da coronária esquerda ou ≥ 70% no resto da árvore coronariana. Além da correlação com os estudos convencionais, avaliou-se a capacidade do FFRCT para predizer morte, infarto ou angina instável.
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O FFRCT foi discordante com 31% das lesões avaliadas por tomografia e com 29% das avaliadas por angiografia convencional. A enorme maioria dos pacientes que finalmente foram revascularizados (91%) tinham um FFRCT ≤ 0,80.
Um FFRCT ≤ 0,80 foi significativamente melhor preditor de revascularização ou eventos que a angiografia por tomografia (HR: 4,3 vs. HR: 2,9; p = 0,033).
Reservar a coronariografia invasiva só para aqueles pacientes com um FFRCT ≤ 0,80 poderia evitar o procedimento invasivo em 44% dos pacientes e, ao mesmo tempo, aumentar a proporção de coronariografias invasivas seguidas de revascularização em 24%.
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Este trabalho deve ser considerado somente como gerador de hipóteses. Nem por isso, no entanto, seus resultados deixam de ser interessantes.
Conclusão
Estimar o fluxo fracionado de reserva por tomografia (FFRCT) mostrou ser uma ferramenta com melhor valor preditivo de eventos e revascularização que simplesmente a estenose anatômica. Somar o FFRCT pode melhorar a eficácia da tomografia para encaminhar pacientes a um estudo invasivo.
Título original: Noninvasive FFR Derived From Coronary CT Angiography. Management and Outcomes in the PROMISE Trial.
Referência: Michael T. Lu et al. J Am Coll Cardiol Img 2017. Article in press.
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