A vantagem primordial do implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) sempre foi sua natureza menos invasiva em comparação com a cirurgia. Muitos dos avanços desta técnica redundaram em torná-la menos invasiva, aumentando ainda mais a brecha com a cirurgia. O tipo de anestesia se constitui em um desses avanços.
Há vários relatos (em geral de um único centro) que descreveram experiência em TAVI utilizando somente anestesia local e sedação consciente, diferentemente dos primeiros trabalhos randomizados nos quais se utilizava quase que exclusivamente anestesia geral.
Leia também: “Role of general anesthesia compared to conscious sedation during TAVR”.
Para este trabalho foi utilizado o registro NCDR STS/ACC TVT para caracterizar a escolha do tipo de anestesia e os resultados clínicos de todos os pacientes que receberam TAVI transfemoral entre abril de 2014 e junho de 2015.
A sedação consciente foi utilizada em 1.737 de 10.997 pacientes incluídos no registro (15,8%), com uma clara tendência de aumento de seu uso com o passar do tempo. O grupo que utilizou sedação consciente teve menor mortalidade intra-hospitalar (1,6% vs. 2,5%; p = 0,03) e em 30 dias (2,9% vs. 4,1%; p = 0,03). 5,9% dos pacientes requereu conversão a anestesia geral.
Embora o benefício em termos de mortalidade a curto prazo tenha sido claro, o mesmo não pode afirmado em relação à taxa de sucesso do procedimento (97,9% vs. 98,6%); p < 0,001).
Leia também: “Sedação consciente em TAVI: é recomendável?”
A sedação consciente se associou também a desfechos “mais suaves”, como um menor requerimento de inotrópicos, menor estadia em unidade de cuidados críticos e menor estadia hospitalar.
Conclusão
A sedação consciente reduziu a estadia hospitalar e a mortalidade a curto prazo comparando-se com o uso de anestesia geral nos pacientes que recebem TAVI. Estes resultados sugerem a segurança da técnica em populações de alto risco.
Comentário editorial
É provável que o menor sucesso técnico se deva a não utilizar ecocardiograma transesofágico de controle durante o implante nos pacientes que receberam sedação consciente. Um controle somente angiográfico ou com ecocardiograma transtorácico nesse grupo poderia ter sido a causa de um implante menos preciso, com o conseguinte aumento das regurgitações paravalvares.
Título original: Conscious Sedation versus General Anesthesia for Transcatheter Aortic Valve Replacement: Insights from the NCDR® STS/ACC TVT Registry.
Referência: Hyman et al. Circulation. 2017 Sep 1. Epub ahead of print.
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