Atualmente a terapia endovascular é considerada um cuidado padrão no AVC isquêmico agudo que é causado pela oclusão de um vaso grande. O tempo entre o início dos sintomas e a reperfusão se impõe como o fator mais determinante de bons resultados clínicos, inclusive de maneira mais categórica no infarto agudo do miocárdio. A frase “tempo é cérebro” é ainda mais relevante que “tempo é miocárdio”. Os centros que contam com Neurologistas Intervencionistas treinados escasseiam em todo o mundo e a pergunta surge espontaneamente: os Cardiologistas Intervencionistas deveriam se envolver no tratamento do AVC?
Enquanto a discussão continua é bom que ao menos estejamos informados sobre o tema e eventualmente preparados para entrar na sala de cateterismo.
Este trabalho se ocupou de desenvolver um escore para predizer quais serão os pacientes que mais se beneficiarão da terapia endovascular, levando em conta fundamentalmente variáveis simples de analisar: a idade e a severidade do AVC.
Foram analisados 4.079 pacientes admitidos com um AVC isquêmico agudo em curso e que foram incluídos no Registro de AVC de Paris (Paris Stroke Consortium registry). Desenvolveu-se um escore baseado na idade (1 ponto por cada 5 pontos da HIHSS [National Institutes of Health Stroke Scale]) para predizer o prognóstico espontâneo. O desfecho primário foi a melhora na escala de Rankin modificada 90 dias após a realização da terapia endovascular em pacientes de escore baixo, intermediário ou alto.
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Em pacientes que não receberam terapia endovascular um escore < 8 indicou um bom prognóstico (Rankin 0-2) ao passo que um escore > 12 indicou um prognóstico muito pior (Rankin 4-6).
A terapia endovascular se associou a um melhor prognóstico naqueles pacientes com um escore > 12 (p < 0,001) e naqueles com um escore intermediário (entre 8 e 12), mas não mudou a história dos que foram admitidos com um escore baixo (< 8).
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Se os Cardiologistas Intervencionistas pretendem se envolver no tratamento desses pacientes eles devem ter um treinamento na avaliação dos escores mencionados (NIHSS, para começar), devem saber avaliar as imagens (TAC e RMN) e, logicamente, devem conhecer a técnica da terapia endovascular.
Conclusão
Os pacientes que são admitidos cursando um AVC isquêmico agudo podem ser estratificados com este novo escore fácil de calcular. Os mais idosos e com AVC mais graves serão os mais beneficiados pela terapia endovascular, ao passo que os pacientes jovens com AVC menos severos não obterão nenhum benefício com a mesma.
Título original: Efficacy of Endovascular Therapy in Acute Ischemic Stroke Depends on Age and Clinical Severity.
Referência: Raphaël Le Bouc et al. Stroke. 2018 Jul;49(7):1686-1694.
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