O tratamento com MitraClip de ambas valvas A-V melhora a qualidade de vida

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

Está demonstrado que a insuficiência tricúspide (IT) significativa é um preditor independente de má evolução em presença da doença valvar esquerda. Sua prevalência não é baixa, chegando a 50% nos que recebem cirurgia por insuficiência mitral (IM).

Foram incluídos 61 pacientes com IT e IM significativa. 27 deles receberam tratamento percutâneo com Mitraclip na valva mitral e tricúspide (MC MT) e 34 somente na valva mitral (MC M).

 

Não houve diferenças nos grupos. A idade média foi de 80 anos e todos estavam em classe funcional III-IV. A fração de ejeção foi de 44% nos que receberam MC MT e 35% em MC M (p = 0,41). A fibrilação atrial foi de 89%. O EuroSCORE II foi de 8,6% e o STS preditor de mortalidade para reparação mitral foi de 4,7%.


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Foram implantados 41 clipes em posição mitral (somente 1 clipe em 48% e 2 clipes em 52%) e 44 clipes na posição tricúspide (1 clipe em 52%, 2 clipes em 37% e 3 clipes em 11%). Houve uma redução significativa do orifício efetivo regurgitante em ambas as valvas.

 

Na RMN do grupo no qual foram tratadas ambas as valvas houve uma melhora efetiva no ventrículo direito e esquerdo no volume minuto e no índice cardíaco.

 

No seguimento de 30 dias os pacientes que receberam MC MT apresentaram uma melhor classe funcional, uma maior diminuição nos níveis do NT-proBNP e maior distância no teste de caminhada dos 6 minutos em comparação com os que receberam somente tratamento MC M.


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No seguimento de 18 meses também apresentaram uma menor taxa de re-hospitalização por insuficiência cardíaca, embora a mortalidade tenha sido similar em ambos os grupos.

 

Conclusão

O tratamento com MC MT parece ser superior ao MC M nos pacientes que apresentam insuficiência significativa mitral e tricúspide em termos de melhora do volume minuto e da classe funcional na etapa precoce da intervenção, bem como no que se refere à melhora clínica em 18 meses de seguimento.

 

Comentário

Esta análise nos mostra que é não somente factível e seguro realizar tratamento percutâneo de ambas as valvas, mas, além disso, nos proporciona um benefício clínico muito significativo a curto prazo e no seguimento.

 

É importante reconhecer que a curva de aprendizagem é lenta, já que agora não só devemos conhecer detalhadamente a valva mitral mas também a tricúspide, o que gera um novo desafio para os especialistas em ecocardiografia e para os cardiologistas intervencionistas.

 

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

 

Título original: Combined Mitral and Tricuspid Versus Isolated Mitral Valve trancatheter Edge-To-Edge Repair in Patients With Symptomatic Valve Regurgitation at High Surgical Risk.

Referência: Christian Besler, et al J Am Coll Cardiol Intv 2018;11:1142-51


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