MITRA-FR: Reparação percutânea ou tratamento médico para a insuficiência mitral secundária

Gentileza do Dr. Adolfo Ferrero.

INTRODUÇÃO: Em pacientes com insuficiência cardíaca crônica e fração de ejeção ventricular esquerda reduzida, a regurgitação da valva mitral secundária, quando grave, associa-se a mal prognóstico. Não a ciência certa se a reparação percutânea da valva mitral melhora os resultados clínicos nesta população de pacientes, embora registros multicêntricos prévios assim o indiquem.

MÉTODOS: Foram randomizados – em proporção de 1:1 – pacientes com insuficiência mitral secundária grave (definida como área efetiva do orifício regurgitante > 20 mm2 ou um volume regurgitante > 30 ml por batimento), fração de ejeção do ventrículo esquerdo entre 15 e 40% e insuficiência cardíaca sintomática a reparação percutânea da valva mitral, além de receber tratamento médico (grupo de intervenção = 152 pacientes) ou a receber somente tratamento médico (grupo de controle = 152 pacientes). O resultado primário de eficácia foi uma mistura de morte por qualquer causa ou hospitalização não planificada por insuficiência cardíaca após 12 meses.

 

RESULTADOS: Após 12 meses, a taxa do desfecho primário foi de 54,6% (83 de 152 pacientes) no grupo de intervenção e de 51,3% (78 de 152 pacientes) no grupo de controle (OR, 1,16; IC de 95%: 0,73 a 1,84; p = 0,53). A taxa de morte por qualquer causa foi de 24,3% (37 de 152 pacientes) no grupo de intervenção e de 22,4% (34 de 152 pacientes) no grupo de controle (cocientes de riscos instantâneos: 1,11; IC de 95%: 0,69 a 1,77).


A taxa de hospitalização não planificada por insuficiência cardíaca foi de 48,7% (74 de 152 pacientes) no grupo de intervenção e de 47,4% (72 de 152 pacientes) no grupo de controle (cociente de riscos instantâneos: 1,13; IC de 95%: 0,81 a 1,56).

 

CONCLUSÕES: Entre os pacientes com regurgitação mitral secundária grave, a taxa de morte ou hospitalização não planificada por insuficiência cardíaca em um ano não diferiu significativamente entre os pacientes submetidos a reparação percutânea da valva mitral (mais tratamento médica) e os que receberam tratamento médico como única estratégia.

 

Gentileza do Dr. Adolfo Ferrero.

 

Título original: Percutaneous Repair or Medical Treatmentfor Secondary Mitral Regurgitation.

Referência: J.-F. Obadia, Et Al. For the MITRA-FR Investigators. NEJM DOI: 10.1056/NEJMoa1805374.

MITRA-FR: Reparación percutánea o tratamiento médico para la insuficiencia mitral secundaria

MITRA-FR


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...