Neste trabalho – especialmente desenhado para comparar a angioplastia com a cirurgia em pacientes com lesão do tronco da coronária esquerda e um escore de Syntax baixo o intermediário – os eventos após 30 dias e 3 anos dos stents eluidores de everolimus vs. cirurgia de revascularização miocárdica foram consistentes, tanto em pacientes diabéticos como em não diabéticos.
O estudo randomizado EXCEL (Evaluation of XIENCE versus Coronary Artery Bypass Surgery for Effectiveness of Left Main Revascularization) relata uma taxa similar de eventos combinados (morte, infarto ou AVC) após 3 anos em pacientes com lesão do tronco da coronária esquerda e um escore de Syntax baixo ou intermediário tratados com angioplastia ou cirurgia. Estes dados globais do estudo (que foram publicados no New England Journal of Medicine (NEJM) em 2016 e comentados em nosso website) poderiam ser diferentes para os pacientes diabéticos de maior risco e que historicamente se beneficiaram mais com a cirurgia na enorme maioria dos trabalhos prévios.
É por isso que este subestudo do EXCEL gera tanto alvoroço, especialmente porque já estava pré-especificado no protocolo original com a conseguinte maior relevância que o de um subestudo post hoc.
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O EXCEL incluiu 1.905 pacientes com lesão do tronco da coronária esquerda e Syntax baixo ou intermediário (≤ 32) randomizados 1:1 a angioplastia com stent eluidor de everolimus vs. cirurgia de revascularização miocárdica estratificados por sua condição de diabéticos. O desfecho primário foi uma combinação de morte por qualquer causa, AVC e infarto após 3 anos. Os resultados foram examinados em 554 pacientes diabéticos vs. 1.350 não diabéticos.
Após 3 anos o desfecho combinado foi significativamente mais alto na população diabética (20,0% vs. 12,9%; p < 0,001). No entanto, dentro da coorte de diabéticos os resultados foram similares com angioplastia vs. cirurgia (20,7% vs. 19,3%, respectivamente; HR: 1,03; IC 95% 0,71 a 1,50; p = 0,87). O mesmo pode ser dito em relação à coorte não diabética (12,9% vs. 12,9%, respectivamente; HR: 0,98; IC 95%: 0,73 a 1,32; p = 0,89).
A morte por qualquer causa ocorreu em 13,6% dos que receberam angioplastia vs. 9% dos que foram submetidos a cirurgia (p = 0,046). De qualquer forma, a diabete não teve uma interação significativa neste desfecho ou em outros, incluindo o próprio desfecho primário (p = 0,82) ou secundários (como morte, infarto ou AVC após 30 dias (p = 0,61), ou morte, infarto, AVC ou revascularização justificada pela isquemia após 3 anos (p=0,65)).
Conclusão
O resultado do estudo EXCEL, tanto após 30 dias quanto após 3 anos, foi consistente tanto na população diabética como na não diabética em pacientes que receberam angioplastia ou cirurgia para tratar lesões do tronco da coronária esquerda associados a um escore de Syntax baixo ou intermediário.
Título original: Bypass Surgery or Stenting for Left Main Coronary Artery Disease in Patients With Diabetes.
Referência: Milan Milojevic et al. J Am Coll Cardiol 2019;73:1616–28.
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