Monitoramento ambulatorial do ritmo pós-TAVI: poderia nos ajudar a evitar o uso de tantos marca-passos?

O bloqueio tardio de alto grau pós-implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) passa despercebido em pacientes que recebem TAVI e que não tinham transtornos de condução prévios já que na maioria das vezes ocorre no período intra-hospitalar ou imediatamente pós-procedimento.

tavi vs cirugia partner i

O bloqueio completo do ramo direito é um fator de risco, mas com uma pobre sensibilidade para predizer bloqueios de alto grau. Além disso, com certeza há outros fatores de risco que hoje não estão claros.

O monitoramento ambulatorial poderia identificar rapidamente e agilizar o implante de um marca-passo definitivo em aproximadamente 10% dos pacientes pós-TAVI. Obviamente são necessários mais estudos para esclarecer a incidência e fatores de risco para selecionar bem os pacientes nos quais se justifique o monitoramento ambulatorial.

Este trabalho incluiu 150 pacientes consecutivos que receberam TAVI entre 2016 e 2018 e não necessitaram marca-passo antes da alta. Todos foram monitorados de forma ambulatorial por 30 dias para detectar transtornos de condução de alto grau (depois dos 2 dias de realizado o implante).


Leia também: Mortalidade y dispositivos com paclitaxel, as dúvidas vão se esclarecendo.


Neste período o monitoramento ambulatorial pôde detectar 10% de transtornos de condução de alto grau em uma média de 6 dias (intervalo entre 3 e 24 dias) pós-TAVI. Os pacientes que experimentaram um bloqueio de alto grau tinham mais probabilidades de ter hipertensão e um bloqueio completo do ramo direito do que aqueles que não o experimentaram.

A sensibilidade e a especificidade do bloqueio completo do ramo direito para predizer transtornos de condução de alto grau tardios pós-TAVI foi de 27% e de 94%, respectivamente.

Título original: Ambulatory Rhythm Monitoring to Detect Late High-Grade Atrioventricular Block Following Transcatheter Aortic Valve Replacement.

Referência: Karen Ream et al. J Am Coll Cardiol 2019;73:2538–47.


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