Tendo em vista o aniversário de 5 séculos da morte de Leonardo da Vinci (1452-1519), parece-nos mais que apropriado recordar seu apaixonado esforço por estudar o coração humano.
Da Vinci foi um famoso artista, mas também um engenheiro inovador e inventor que esteve séculos à frente da ciência moderna. Suas explorações científicas do corpo humano marcaram história, o que demonstra seu gênio particular em observar e deduzir com sua capacidade empírica que ainda têm repercussão na biologia moderna.
Os achados das notas e esquemas sobre a anatomia do coração e seu funcionamento revelam a transição entre as ciências ocultas e a moderna cardiologia.
Na época de Da Vinci os conhecimentos que prevaleciam na Europa derivavam particularmente de Aristóteles e Galeno, que, diga-se de passagem, continham visões contraditórias que foram sintetizadas por Avicenna, na Arábia.
O desenvolvimento do renascimento na Itália, que enfatizou a figura humana como algo natural, foi o caldo de cultura para que artistas como Da Vinci se sentissem tentados a ultrapassar os limites até então estabelecidos.
Foi Da Vinci quem dotou o coração de sua faculdade pulsátil, descoberta que o fascinou tanto que ele o chamou de “instrumento mirabile invenzionato dal sommo maestro”, o que em tradução livre do italiano seria “instrumento maravilhoso inventado pelo Mestre Supremo”.
Uma de suas dissecções foi realizada em 1506 no Hospital de Santa Maria Nuova, em Florença. Leonardo dissecou o corpo de um homem de 100 anos com a intenção de entender a causa de sua “dulce morte”. É incrível como nessa dissecção se descreve pela primeira vez a doença arterial e comparando estes achados com a dissecção de uma criança de 2 anos, o artista indicou a aterosclerose com a causa de morte natural do homem de 100 anos.
Quinhentos anos após sua morte, este artigo não pretende resumir a vida nem a trajetória de Leonardo da Vinci mas simplesmente recordar sua genialidade.
Título original: Leonardo da Vinci and his study of the Heart.
Referência: Marco Cambiaghi et al. European Heart Journal (2019) 40, 1823–1831.
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