Podemos resolver a insuficiência mitral residual severa após implante do MitraClip sem cirurgia?

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

A estratégia “edge-to-edge” com MitraClip demostrou ser efetiva e segura e seus resultados têm melhorado com a maior experiência que os operadores vêm adquirindo nos últimos anos. No entanto, um de seus grandes desafios se apresenta quando após o implante do dispositivo não conseguimos reduzir a insuficiência mitral (IM). Isso impôs a necessidade de recorrer à cirurgia, tal como foi demonstrado em alguns estudos, como o EVEREST (por exemplo). A possibilidade de resolver a IM de forma percutânea não foi analisada e seria uma muito boa estratégia caso se demonstrasse que é factível, segura e perdurável.

La reparación de la válvula mitral con Mitraclip es segura en pacientes de alto riesgo

No presente estudo foram analisados 9 pacientes com uma idade média de 78 anos. Os mesmos tinham recebido tratamento percutâneo com MitraClip e evoluíram com IM severa residual sintomática, recebendo tratamento percutâneo com AMPLATZER Vascular Plug II.

O procedimento foi bem-sucedido em todos os pacientes, com uma diminuição significativa da IM pós-procedimento (4+ a 1+; p =< 0,0001). Após 30 dias nenhum paciente apresentou complicações ou estenose mitral.

No seguimento de 155 dias, todos melhoraram a classe funcional, nenhum paciente precisou ser submetido a cirurgia e não houve embolização do dispositivo ou hemólise.


Leia também: Mudanças fisiológicas e clínicas após a reparação da valva tricúspide.


Conclusão

Para os pacientes que apresentam IM residual significativa após o implante do MitraClip, esta técnica pode ser efetiva e segura quando o dispositivo é liberado em um só segmento do lado atrial das valvas da valva mitral.

Comentário

Esta estratégia parece ser muito interessante, mas devemos ter em mente que se trata de uma experiência inicial e que demanda muita experiência dos operadores (intervencionistas, operadores de ecocardiograma e demais componentes da equipe). Assim, é necessário realizar mais pesquisas já que a cirurgia, neste contexto específico, não demonstrou aumentar a mortalidade e propiciou uma melhora da classe funcional no estudo EVEREST II e em outras análises realizadas.

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

Título Original: Transcatheter therapy for residual mitral regurgitation after MitraClip therapy.

Referência: Hiroki Niikura, et al. EuroIntervention 2019;15:e491-e499.


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