Endocardite infecciosa pós-TAVI

A endocardite infecciosa após o implante percutâneo de uma válvula (TAVI) é uma das complicações mais temidas por sua morbidade e mortalidade. Com a expansão do TAVI a todos os grupos de risco, a endocardite poderia ser uma das preocupações que devemos ter a longo prazo. No entanto, o risco a longo prazo parece similar ao risco de endocardite de uma válvula biológica cirúrgica, motivo pelo qual não deveria afetar a tomada de decisões entre uma e outra estratégia (TAVI ou cirurgia).

O objetivo do presente trabalho recentemente publicado no Eur Heart J. foi conhecer a incidência, fatores de risco, apresentação clínica e prognóstico desta complicação em pacientes que receberam TAVI. 

Foram reunidos pacientes dos registros de TAVI e dos registros de endocardite de todo um país para alcançar o impressionante número de 4.336 pacientes que receberam TAVI entre 2008 e 2018 e posteriormente apresentaram endocardite.

O risco de infecção da prótese foi de 1,4% durante o primeiro ano (1% a 1,8%) e de 0,8% (0,6% a 1,1%) por cada ano posterior. 


Leia também: Endocardite e TAVI, uma complicação rara mas devastadora.


A sobrevida após um ano do diagnóstico de endocardite foi de somente 58% e a sobrevida após 5 anos foi de 29%.

A superfície corporal, uma filtração glomerular < 30 ml/min/1,73m², um estado pré-operatório crítico, o gradiente médio pré-operatório, o volume de contraste utilizado, o acesso transapical e a fibrilação atrial foram todos os preditores independentes de endocardite. 

O Staphylococcus aureus foi a bactéria mais comum nas endocardites precoces (< de 1 por ano).

A infecção por dita bactéria, os abscessos do anel ou da raiz da aorta, as endocardites tardias e as adquiridas de forma intra-hospitalares se associaram com maior mortalidade a curto prazo. 

Conclusão

A incidência de endocardite infecciosa no TAVI é similar à das próteses biológicas cirúrgicas. A deterioração da função renal foi o maior preditor desta complicação. 

Título original: Infective endocarditis after transcatheter aortic valve implantation: a nationwide study.

Referência: Henrik Bjursten et al. Eur Heart J. 2019 Oct 14;40(39):3263-3269.


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