A verdade é que a pergunta acima não tem uma resposta categórica e o que fazemos com os stents periféricos é utilizar a evidência que temos dos stents coronarianos dada a falta de padronização e a escassez de relatos em relação à terapia antitrombótica nos estudos randomizados de tratamentos endovasculares.
Essa heterogeneidade provavelmente seja ainda maior no caso dos stents em território venoso. Há algum tempo publicamos um artigo sobre o tema em nosso site em que fizemos foco no fato de todo o conteúdo do documento se tratar de uma lista de recomendações de especialistas sem trabalhos sérios que respaldassem as estratégias antitrombóticas ali descritas.
Perante a falta de respostas, este trabalho, que proximamente será publicado no Eur J Vasc Endovasc Surg visa a nos indicar algumas tendências.
Novos estudos randomizados sobre inovadores dispositivos periféricos endovasculares são publicados todo o tempo. No entanto, o foco recai sempre na sobrevida livre de reintervenções, amputações, distância de caminhada, etc. Muito raramente a terapia antitrombótica está escrita no protocolo. Habitualmente a duração do tratamento e a droga ou combinação de drogas a utilizar fica a critério do operador e este dado nem sequer é reportado.
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Foram incluídos todos os estudos randomizados que trataram doença vascular periférica com o objetivo de recompilar informação sobre as drogas utilizadas durante o procedimento nos 30 dias posteriores e a mais longo prazo.
Mais de 90 trabalhos foram incluídos, mas só um terço deles informaram a terapia antitrombótica utilizada e nenhum justificou a escolha do esquema.
A monoterapia antiplaquetária e a anticoagulação com heparina sódica foi o regime mais utilizado durante o procedimento e a dupla antiagregação plaquetária foi o esquema mais utilizado pós-procedimento (55% dos estudos). Com o passar do tempo, observou-se uma tendência a utilizar mais a dupla antiagregação plaquetária vs. outros esquemas possíveis (p < 0,001), o que ocorreu em consonância com a introdução de novas tecnologias e dos trabalhos no tratamento das artérias infrapatelares.
Conclusão
Os trabalhos randomizados que estudaram diferentes tipos de intervenção arterial periférica têm um altíssimo nível de heterogeneidade no que se refere aos seus regimes antitrombóticos. A terapia antitrombótica deve ser padronizada nos trabalhos que comparem diferentes tecnologias para reduzir os possíveis elementos causadores de confusão. Precisamos de ao menos um trabalho randomizado que especificamente compare esquemas antitrombóticos após uma intervenção periférica.
Título original: Antiplatelet and Anticoagulant Use in Randomised Trials of Patients Undergoing Endovascular Intervention for Peripheral Arterial Disease: Systematic Review and Narrative Synthesis.
Referência: Mahim I. Qureshi et al. Eur J Vasc Endovasc Surg. Article in press. https://doi.org/10.1016/j.ejvs.2020.03.010.
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