Uma rápida diminuição na titulação de anticorpos anti-SARS-CoV-2 em doentes leves faz soar os alarmes sobre a proteção destes contra o novo vírus.
Dita diminuição, observada dentro dos 90 dias da doença, provavelmente se desacelere com o passar do tempo. Contudo, convida a sermos prudentes perante a sensação de “proteção” dos pacientes recuperados, do efeito de uma vacina a longo prazo e da possibilidade de conceder “passaportes de imunidade”.
Um artigo publicado recentemente no Nat Med sugeriu uma rápida queda na titulação de IgG anti-SARS-CoV-2, embora tenham faltado detalhes. Portanto, este novo trabalho (agora publicado no NEJM) lança um pouco mais de luz sobre o tema e respalda as suspeitas levantadas no estudo anterior.
A infecção por COVID-19 foi confirmada por PCR em toda a coorte exceto em 4 pacientes que se encontravam sintomáticos e, além disso, tinham o antecedente de terem convivido com um paciente confirmado. Estes 4 não foram submetidos ao teste devido ao fato de terem manifestações muito leves da doença e à necessidade de cuidar o recurso de teste.
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A maioria dos pacientes recrutados tinham sintomas leves e eram jovens (média de 43 anos). Somente dois deles requereram oxigênio suplementar com um fluxo baixo. Todos foram submetidos a medições seriadas de títulos de IgG duas ou até três vezes.
A primeira medição foi feita em uma média de 37 dias após o início dos sintomas e a última medição em uma média de 86 dias.
O nível inicial de IgG foi de 3,48 log10 ng por mililitro e baseou-se em um modelo de regressão que levou em consideração o sexo, a idade, os dias transcorridos desde o início dos sintomas e a redução diária na titulação de anticorpos.
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Isso permitiu estimar uma vida média dos anticorpos de 36 dias para o período observado.
A função de proteção dos anticorpos anti-SARS-CoV-2 ainda é desconhecida, mas em geral estes se correlacionam relativamente bem com a imunidade em relação ao vírus. O nível de IgG em plasma se correlaciona com a capacidade do corpo de bloquear a entrada do vírus.
A queda quase exponencial de anticorpos após a exposição aguda aos antígenos virais põe em dúvida a imunidade humoral e vai na mesma linha do artigo publicado por Long et al. no Nat Med.
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É difícil extrapolar as observações deste trabalho para além do período observado de 90 dias, embora seja razoável pensar que a queda se estabilize após dito período.
Mais estudos serão necessários para conhecer a proteção quantitativa destes anticorpos a médio e longo prazo.
Título original: Rapid Decay of Anti–SARS-CoV-2 Antibodies in Persons with Mild Covid-19.
Referência: F. Javier Ibarrondo et al. NEJM 2020, online before print. DOI:10.1056/NEJMc2025179.
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