Tratamento da reestenose intrastent, metanálise de 10 estudos randomizados

A melhor estratégia para tratar a reestenose intrastent continua sendo um dilema. Um novo stent farmacológico (DES) parece ser o mais simples, apesar de acrescentar camadas de metal que tornam cada vez mais difícil um eventual retratamento. Os balões farmacológicos surgem como uma opção interessante que não parece comprometer um futuro retratamento, embora isso tenha um preço. 

reestenosis intrastent

Os trabalhos que compararam uma e outra estratégia não tiveram individualmente o poder para provar desfechos clínicos. Em tal sentido, os resultados são heterogêneos. 

A relevância deste trabalho impulsionou sua publicação na modalidade “fast track” no European Heart Journal

Foram analisados 10 estudos randomizados que incluíram em total 1033 pacientes designados a balão eluidor de paclitaxel e 943 a um DES para tratar a reestenose intrastent. O seguimento foi de 3 anos. 

Os balões eluidores de paclitaxel se relacionaram com um aumento significativo do risco de revascularização da lesão alvo em comparação com os DES (HR: 1,32, IC 95% 1,02 a 1,7; p = 0,035).


Leia também: Stents farmacológicos vs. balões farmacológicos em reestenose intrastent.


Houve uma interação significativa entre o efeito do tratamento e o tipo de reestenose. Para a reestenose intrastent de um DES prévio a melhor estratégia parece ser um novo DES. Já para a reestenose de um stent convencional o DES e o balão farmacológico parecem ser equivalentes. 

O desfecho primário combinado de morte, infarto ou trombose da lesão alvo foi comparável entre os DES e os balões eluidores de paclitaxel (p = 0,152) em três anos de seguimento. 

Também havia uma pré-especificação no protocolo de comparar os diferentes DES. Os balões farmacológicos foram superiores aos DES de 1ª geração e similares aos novos DES. 


Leia também: A reestenose não parece ser tão benigna como acreditávamos.


A mortalidade a longo prazo, os infartos e as tromboses da lesão foram comparáveis, o que não ocorreu com as novas revascularizações, campo no qual os DES foram ganhadores. 

Conclusão

Uma nova angioplastia com um DES parece algo mais efetiva que a angioplastia com o balão eluidor de paclitaxel para tratar a reestenose intrastent. Desfechos duros como morte ou infarto foram similares, diferentemente do que ocorreu com as novas revascularizações. 

ehz594free

Título original: Paclitaxel-coated balloon angioplasty vs. drug-eluting stenting for the treatment of coronary in-stent restenosis: a comprehensive, collaborative, individual patient data meta-analysis of 10 randomized clinical trials (DAEDALUS study).

Referência: Daniele Giacoppo et al. European Heart Journal (2020) 41, 3715–3728 doi:10.1093/eurheartj/ehz594.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

Doença coronariana em estenose aórtica: dados de centros espanhóis em cirurgia combinada vs. TAVI + angioplastia

O implante valvar percutâneo (TAVI) demonstrou em múltiplos estudos randomizados uma eficácia comparável ou superior à da cirurgia de revascularização miocárdica (CRM). No entanto,...

Evolução das válvulas balão-expansíveis pequenas

Os anéis aórticos pequenos (20 mm) têm se constituído em um verdadeiro desafio, tanto em contexto de cirurgia como em implante percutâneo da valva...

TCT 2024 | FAVOR III EUROPA

O estudo FAVOR III EUROPA, um ensaio randomizado, incluiu 2000 pacientes com síndrome coronariana crônica ou síndrome coronariana aguda estabilizada e lesões intermediárias. 1008...

TCT 2024 – ECLIPSE: estudo randomizado de aterectomia orbital vs. angioplastia convencional em lesões severamente calcificadas

A calcificação coronariana se associa à subexpansão do stent e a um maior risco de eventos adversos, tanto precoces quanto tardios. A aterectomia é...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Estudo TRI-SPA: Tratamento borda a borda da valva tricúspide

A insuficiência tricúspide (IT) é uma doença associada a alta morbimortalidade. A cirurgia é, atualmente, o tratamento recomendado, embora apresente uma elevada taxa de...

Estudo ACCESS-TAVI: Comparação de dispositivos de oclusão vascular após o TAVI

O implante transcatéter da valva aórtica (TAVI) é uma opção de tratamento bem estabelecida para pacientes idosos com estenose valvar aórtica severa e sintomática....

Tratamento endovascular da doença iliofemoral para melhorar a insuficiência cardíaca com FEJ preservada

A doença arterial periférica (EAP) é um fator de risco relevante no desenvolvimento de doenças de difícil tratamento, como a insuficiência cardíaca com fração...