AHA 2020 | Ácidos graxos ômega 3 sem benefício cardiovascular e com mais fibrilação atrial

Os resultados confirmam a análise interina em que o estudo foi suspenso por futilidade. Os ácidos graxos ômega 3 não reduzem os eventos cardiovasculares em pacientes com triglicerídeos elevados e HDL baixo.

Estudos anteriores como o REDUCE-IT mostraram resultados positivos, mas, à luz deste novo trabalho (apresentado no congresso AHA 2020 e publicado simultaneamente no JAMA), devemos estar convencidos de que os ácidos graxos ômega 3 não oferecem nenhum benefício. 

O problema do REDUCE-IT foi o braço controle que recebeu óleo mineral. Este tem efeitos pró-inflamatórios, aumentando o LDL, a apolipoproteína B e a proteína C reativa. Isso levou a interpretar que a diferença entre os braços de tratamento era pelo benefício dos óleos ômega 3 quando, na verdade, provavelmente tenha sido pelos efeitos adversos do braço controle.  

Em compensação, o STRENGTH utilizou óleo de milho no braço controle, que tem um efeito neutro.

O estudo incluiu 13078 pacientes sob tratamento com estatinas, com um risco alto de eventos cardiovasculares, com triglicerídeos elevados (180 a 500 mg/dl) e HDL baixo (<42 mg/dl para homens e <47 mg/dl para mulheres).


Leia também: AHA 2020 | RIVER: Rivaroxabana como alternativa à varfarina em pacientes com fibrilação atrial e prótese mitral biológica.


Os participantes foram randomizados a óleo de milho vs. ácidos graxos ômega 3 (como ácido eicosapentaenoico e ácido docosa-hexaenoico).

Com uma média de acompanhamento de 42 meses, os ácidos graxos ômega 3 não reduziram a morte cardiovascular, os infartos, a revascularização coronariana ou a hospitalização por angina instável (12,0% vs. 12,2%; HR 0,99; IC 95% 0,90-1,09).

Observou-se um aumento do risco de nova fibrilação atrial (2,2% vs. 1,3%; HR 1,69; IC 95% 1,29-2,21) com os ômega 3 de forma consistente com os resultados do REDUCE-IT.

STRENGTH

Título original: Effect of high-dose omega-3 fatty acids vs corn oil on major adverse cardiovascular events in patients at high cardiovascular risk: the STRENGTH randomized clinical trial.

Referência: Nicholls SJ et al. JAMA. 2020; Epub ahead of print y presentado en el congreso AHA 2020.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

SCACEST e uso de bivalirudina vs. heparina: em busca dos resultados do BRIGHT-4

Diversos estudos e registros demonstraram o impacto das complicações posteriores à angioplastia (PCI) na sobrevivência dos pacientes com síndrome coronariana aguda com elevação do...

TAVI e fibrilação atrial: que anticoagulantes deveríamos usar?

A prevalência de fibrilação atrial (FA) em pacientes submetidos a TAVI varia entre 15% e 30%, dependendo das séries. Essa arritmia está associada a...

Stents de hastes ultrafinas vs. stents de hastes finas em pacientes com alto risco de sangramento que são submetidos a angioplastia coronariana

Vários estudos in vivo demonstraram que os stents com hastes ultrafinas apresentam um menor risco trombogênico do que os stents com hastes finas, o...

Devemos suspender a anticoagulação antes do TAVI?

Aproximadamente um terço dos pacientes que são submetidos a TAVI apresentam fibrilação atrial e estão sob tratamento com anticoagulantes orais (ACO). Isso cria um...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Evolução das válvulas balão-expansíveis pequenas

Os anéis aórticos pequenos (20 mm) têm se constituído em um verdadeiro desafio, tanto em contexto de cirurgia como em implante percutâneo da valva...

TCT 2024 | Estenose aórtica severa assintomática, que conduta devemos adotar?

Aproximadamente 3% da população com mais de 65 anos apresenta estenose aórtica. Os guias atuais recomendam a substituição valvar aórtica em pacientes com sintomas...

TCT 2024 | FAVOR III EUROPA

O estudo FAVOR III EUROPA, um ensaio randomizado, incluiu 2000 pacientes com síndrome coronariana crônica ou síndrome coronariana aguda estabilizada e lesões intermediárias. 1008...