Uma análise associa a vacina da AstraZeneca com trombocitopenia e trombose

Esta é uma das primeiras publicações que documenta os raros efeitos trombóticos vistos na Áustria e na Alemanha com a vacina ChAdOx1 nCoV-19. Tais efeitos seriam uma forma de trombocitopenia após a inoculação da vacina desenvolvida conjuntamente entre a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca. 

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Este trabalho publicado nada menos que no NEJM captou grande atenção dos médicos e de todo o público, já que descreve o raro fenômeno chamado trombocitopenia trombótica imune induzida pela vacina. O fenômeno recorda a trombocitopenia induzida pela heparina. 

No trabalho são detalhados os achados clínicos e de laboratório de 11 pacientes da Áustria e da Alemanha que desenvolveram o efeito adversos mencionado após a vacinação e as análises de 28 pacientes com suspeitas do mesmo efeito colateral. 

Dos 11 pacientes, 9 foram mulheres de entre 22 e 49 anos.

Os achados clínicos foram 9 tromboses venosas cerebrais, 3 tromboses de veias esplênica, 3 tromboses pulmonares e 4 caracterizadas como outras tromboses. Seis pacientes faleceram devido a esses eventos. 

Os 28 pacientes adicionais encaminhados para realização de laboratório foram positivos para anticorpos da heparina para o fator plaquetário 4 (PF4) na análise ELISA. Nenhum desses pacientes tinha recebido heparina previamente. 


Leia também: Eficácia do uso em massa da vacuna da Pfizer/BioNTech contra a COVID-19 em Israel.


O trabalho não só confirma a associação deste raro fenômeno com a vacina de Oxford, mas também dá pautas de como chegar ao diagnóstico e tratamento (uma combinação de altas doses de imunoglobulinas e anticoagulantes). 

Estando cientes desses dados, qualquer sintoma compatível dentro dos 5 dias ou mais após a vacinação poderiam ser tratados a tempo. 

Para dar uma ideia da frequência do fenômeno é necessário recordar que mais de meio milhão de pessoas receberam essa vacina na Áustria e mais 5,5 milhões na Alemanha. 


Leia também: A maior causa de injúria miocárdica por COVID-19 está dilucidada.


O relatório da Noruega denuncia 5 pessoas com o mesmo fenômeno, 4 delas mulheres de entre 32 e 54 anos, que apresentaram trombose venosa cerebral que levou a hemorragia intracraniana. 

Embora o fenômeno seja muito raro, seus efeitos foram catastróficos em pessoas jovens e sadias. 

nejmoa2104840

Título original: Thrombotic thrombocytopenia after ChAdOx1 nCov-19 vaccination.

Referência: Greinacher A et al. N Engl J Med. 2021; Epub ahead of print. DOI: 10.1056/NEJMoa2104840.


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