Antiagregação plaquetária no AVC ou no AIT: simples ou dupla?

A antiagregação plaquetária é fundamental para prevenir eventos trombóticos após um acidente isquêmico transitório (AIT) ou um AVC isquêmico. O papel da aspirina está bem estabelecido nesse cenário, mas está surgindo evidência para um período curto de dupla antiagregação (DAPT). Agora, a pergunta que não quer calar é se dita estratégia pode evitar AVCs recorrentes sem pagar o preço dos sangramentos.

Antiagregación plaquetaria en el stroke o TIA

Para respondê-la os autores elaboraram uma metanálise publicada no jornal STROKE, e incluíram todos os estudos randomizados que compararam o início precoce de um esquema curto de dupla antiagregação (até 3 meses) com aspirina mais um inibidor do receptor P2Y12 vs. aspirina como monoterapia em pacientes cursando um AVC ou um acidente isquêmico transitório. 

O desfecho primário de eficácia foi o risco de AVC recorrente e o desfecho primário de segurança foram os sangramentos maiores. Os desfechos secundários incluíram qualquer AVC, AVC hemorrágico, eventos cardiovasculares maiores e morte por qualquer causa. 

Foram incluídos 4 grandes trabalhos com mais de 20 mil pacientes em total. 

A dupla antiagregação plaquetária reduziu significativamente o risco de AVC recorrente (RR: 0,76, IC 95%: 0,68–0,83; p < 0,001). Mas qual foi o custo dessa redução? A duplicação dos sangramentos maiores (RR: 2,22, IC 95%: 1,14–4,34, p = 0,02).


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Os pacientes que receberam DAPT também registraram uma diminuição significativa do risco de eventos cardiovasculares maiores (RR: 0,76, IC 95%: 0,69–0,.84; p < 0,001) e o risco de eventos isquêmicos recorrentes (RR: 0,74, IC 95%: 0,67–0,82; p < 0,001).

Conclusão

A dupla antiagregação plaquetária por não mais de 3 meses indicada dentro das 24 horas de um acidente isquêmico transitório de alto risco ou de um AVC leve a moderado reduz significativamente o risco de AVCs recorrentes em comparação com a indicação de aspirina como monoterapia. O custo disso é um aumento também significativo do risco de sangramentos maiores. 

É necessário reunir mais evidência para escolher corretamente os pacientes que podem se beneficiar com a DAPT curta e os que não. 

Título original: Dual Antiplatelet Therapy Versus Aspirin in Patients With Stroke or Transient Ischemic Attack. Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials.

Referência: Kirtipal Bhatia et al. Stroke. 2021 Apr 27;STROKEAHA120033033. doi: 10.1161/STROKEAHA.120.033033.


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