Segundo este grande registro europeu os balões farmacológicos (DEB) competem com os stents farmacológicos (DES) para tratar a reestenose intrastent. Os balões farmacológicos parecem funcionar tão bem quanto um novo stent (para o registro DES de struts finos) para tratar a reestenose intrastent a longo prazo.
Se os DEB podem concorrer com os DES com a vantagem de não acrescentarem uma nova camada de metal (que poderia limitar futuras intervenções), então os balões farmacológicos encontraram o seu nicho de tratamento.
Segundo o registro DEB-DRAGON, recentemente publicado no Circulation Cardiovascular Interventions, aqueles pacientes nos quais se usou um DEB como tratamento da reestenose intrastent mostraram, em 3 anos, uma maior taxa de revascularização, tanto do vaso quanto da lesão. No entanto, após ajustar todas as diferenças com propensity score, isso deixou de ser válido e os DEB acabaram alcançando os DES.
Esses dados ganham uma importância maior se considerarmos que a FDA ainda não aprovou a maioria desses dispositivos, deixando o tratamento da reestenose intrastent com poucas opções para os intervencionistas dos Estados Unidos.
Do outro lado do Atlântico os guias de revascularização miocárdica de 2018 recomendaram ambas as estratégias, isto é, o uso de DES e DEB, como classe I e com nível de evidência A em pacientes com reestenose. Isso abre o leque de opções para os intervencionistas europeus.
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Este registro deve ser avaliado também à luz do resto da evidência. O trabalho randomizado RIBS IV mostrou que os stents de hastes finas eluidores de everolimus tinham um melhor resultado angiográfico e uma pequena mas significativa diferença clínica em comparação com os DEB. O RIBS IV talvez seja o principal entrave para os DEB. Também foi publicada a metanálise DAEDALUS, que reúne aproximadamente 10 estudos e tem resultados similares aos do RIBS IV.
O presente DEB-DRAGON incluiu 1.117 pacientes consecutivos com reestenose intrastent entre 2008 e 2019. Aproximadamente a metade da população foi tratada com o dispositivo eluidor de paclitaxel produzido pela Boston Scientific (embora tenham sido utilizados muitos outros), ao passo que o resto da população foi tratada com DES com hastes < 100 um (mais frequentemente Xience, mas também foram usados outras plataformas).
Em 3 anos – e após a realização de múltiplos ajustes – a taxa de revascularização da lesão foi de 11,2% (p = 0,07) em ambas as populações, a taxa de revascularização do vaso foi de 14,2% para os DEB e de 13,4% para os DES (p = 0,5) e a combinação de morte cardíaca, infarto relacionado ao vaso e revascularização alcançaram um idêntico 14,2% (p = 0,66).
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A conclusão desta nova evidência somada à anterior deveria ser justamente a abertura do leque de opções. Se ao realizar a pré-dilatação tivermos um resultado subótimo com dissecção de alguma das bordas, um DES é sem dúvida a melhor opção. Se, ao contrário, conseguirmos um bom resultado com a pré-dilatação e, além disso, tivermos um vaso acessório que não queremos comprometer, os DEB podem ter aí um excelente nicho.
Título original: Long-Term Outcomes Following Drug-Eluting Balloons Versus Thin-Strut Drug-Eluting Stents for Treatment of In-Stent Restenosis (DEB-Dragon-Registry).
Referência: Wojciech Wańha et al. Circ Cardiovasc Interv. 2021 Sep;14(9):e010868. doi: 10.1161/CIRCINTERVENTIONS.121.010868.
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