Há aproximadamente duas décadas a angioplastia é o tratamento preferencial no território fêmoro-poplíteo e embora os resultados tenham melhorado com o desenvolvimento da tecnologia e com a maior experiência dos operadores, a utilização do IVUS – que demonstrou seu benefício na ATC, inclusive diminuindo a mortalidade no tronco da coronária esquerda –, neste território específico é escassa.
Este foi um estudo randomizado, controlado e prospectivo que incluiu 150 pacientes, dentre os quais 74 foram guiados por angioplastia e 76 por IVUS.
O desfecho primário (DP) foi a liberdade de reestenose binária guiada por IVUS em 12 meses (estenose ≥ 50% ou uma velocidade de pico sistólico ≥ 2,4). Por outro lado, o desfecho secundário (DS) foi TLR do vaso tratado por sintomas, complicações periprocedimento e MAE (amputação dentro dos 30 dias, morte, infarto e AVC) dentro dos 12 meses do procedimento índice.
Não houve diferenças entre as populações no que se refere às características clínicas e aos fatores de risco, do mesmo modo que em relação às particularidades angiográficas ou à estratégia utilizada (POBA, BARE stents, DES ou balões eluidores de fármacos). As diâmetros e comprimentos também foram similares, exceto no que quanto à utilização dos balões eluidores de fármacos, que foram mais longos no grupo guiado por IVUS.
Em 12 meses de seguimento o DP foi favorável ao grupo IVUS (72,4% vs. 55,4%; p = 0,008). Não houve diferença em termos de liberdade de TLR do vaso tratado dentro dos 12 meses do procedimento índice por sintomas (84,2% e 82,4%) e de MAE.
Tampouco houve diferenças entre as populações com relação à reestenose binária quando se comparou com POBA, BARE stents ou DES, mas sim, houve diferenças quando foram utilizados balões eluidores de fármacos e dita diferença foi a favor do grupo IVUS (9,1% vs. 37,5%; p = 0,004).
O IVUS demostrou um maior comprimento das lesões e um maior diâmetro dos vasos tratados em comparação com a estratégia guiada por angiografia (diâmetro de 5,60 mm vs. 5,10 mm; p < 0,001 e comprimento de 140 mm vs. 120 mm; p = 0,01), além de realizar uma mudança estratégia de tratamento próxima aos 80%.
Conclusão
O uso do IVUS mostrou uma redução significativa da taxa de reestenose após a intervenção endovascular. Este é o primeiro estudo randomizado que demonstra que o IVUS melhora a evolução nas intervenções fêmoro-poplíteas. Este benefício talvez esteja relacionado com o uso dos balões eluidores de fármaco.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org
Título Original: The Impact of Intravascular Ultrasound on Femoropopliteal Artery Endovascular Interventions A Randomized Controlled Trial.
Referência: Richard B. Allan, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2022;15:536–546.
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