Chegou o momento de recolocar a aspirina como a primeira opção em prevenção secundária de MACE?

Muito tem sido publicado recentemente sobre o tratamento abreviado com dupla antiagregação plaquetária (DAPT), tanto nas síndromes coronarianas agudas (SCA) quanto nas crônicas (SCC), bem como sobre a segurança observada em alguns trabalhos sobre a monoterapia com inibidores P2Y12. 

¿Llegó el momento de replantear a la aspirina como la elección en prevención secundaria de MACE?

Quando o assunto é prevenção secundária em pacientes com doença cardiovascular estabelecida, a aspirina (AAS) foi e é o fármaco mais indicado para a prevenção de novos eventos aterotrombóticos. 

A preferência pela aspirina se baseia principalmente na insuficiência de evidência sobre os riscos e benefícios da monoterapia com P2Y12, posterior a um período determinado de DAPT.

A partir disso, os pesquisadores realizaram uma revisão sistemática e metanálise de estudos randomizados comparando a eficácia e segurança da monoterapia com inibidores P2Y12 contra a monoterapia com AAS, para a prevenção secundária de eventos cardiovasculares (MACE).

O desfecho primário de eficácia foi a presença de MACE. O desfecho primário de segurança foi o sangramento maior. Os desfechos secundários foram IAM, AVC (isquêmico/hemorrágico) e mortalidade por todas as causas. 

Leia também: Ao falar de doença de múltiplos vasos, quando devemos considerar a disfunção renal?

Foram selecionados 9 estudos randomizados que incluíam 61.623 pacientes. Dentre os estudos, 5 comparavam AAS com clopidogrel e 4 AAS com ticagrelor. A maioria dos pacientes apresentavam um evento coronariano isquêmico (29,9% SCA, 20,1% SCC) ou AVC (39,5%), ao passo que um trabalho incluía pacientes com antecedentes de doença cardiovascular (CAPRIE).

Observou-se que os pacientes com monoterapia com inibidor P2Y12 apresentaram uma diminuição de 11% de MACE de maneira significativa comparados com AAS (RR 0,89, IC 95% 0,84-0,95), sem importar o inibidor P2Y12 usado. A diminuição de MACE foi a expensas de IAM (sem diferenças em AVC ou mortalidade por todas as causas). O risco de sangramento maior (RR 0,94; IC 95%: 0,88-1,30) e qualquer sangramento (RR 1,08; IC 95%: 0,88-1,30) foi similar

Conclusões

Esta revisão sistemática recentemente publicada no European Heart Journal Open (Sociedade Europeia de Cardiologia) evidenciou, por meio de uma metanálise, que a monoterapia com inibidor P2Y12 reduziu de maneira significativa em 11% o risco de MACE e em 19% o risco de IAM em pacientes antiagregados para prevenção secundária. O efeito foi independente da escolha de clopidogrel ou ticagrelor, sem que tenha havido maior risco de sangramento. Embora esses resultados não tenham gerado impacto na mortalidade por todas as causas, a alternativa de um inibidor P2Y12 deveria ser considerada posteriormente a esta análise. 

Dr. Omar Tupayachi

Dr. Omar Tupayachi.
Miembro del Consejo Editorial de SOLACI.org .

Original Title: P2Y12 inhibitor versus aspirin monotherapy for secondary prevention of cardiovascular events: meta-analysis of randomized trials.

Source: Aggarwal D, et al. P2Y12 inhibitor versus aspirin monotherapy for secondary prevention of cardiovascular events: meta-analysis of randomized trials. European Heart Journal Open [Internet]. 2022;2(2). 


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