Em linhas gerais, a tromboaspiração no infarto agudo do miocárdio (IAM) não demonstrou benefício nos grandes estudos. Poderia, inclusive, chegar a ser prejudicial, já que foi associada com AVC. Existem, no entanto, certos cenários nos quais a presença de uma quantidade importante de trombos não nos permite alcançar um fluxo TIMI 3 adequado ou no reflow, o que se relaciona com maior mortalidade.
Em tal contexto, talvez a tromboaspiração possa chegar a ser útil, embora isso ainda não tenha sido demonstrado em grandes estudos randomizados.
Foi feita uma subanálise do estudo TOTAL, na qual foram incluídos 2689 pacientes que cumpriram com todos os critérios. 62 deles foram submetidos a OCT.
Os pacientes foram divididos da seguinte forma: aqueles que apresentavam trombo residual grande (LrTB), grau ≥ 3, e trombo residual pequeno (SrTB) após a pré-dilatação com balão. No primeiro grupo ficaram 1014 pacientes (35%) e no segundo ficaram 1855 (65%).
O desfecho primário (DP) foi morte cardiovascular, infarto recorrente, choque cardiovascular, insuficiência cardíaca e nova classe funcional 4 em 180 dias.
O grupo LrTB apresentou mais hipertensão, infarto prévio, ATC prévia e KK III com menor presença de KK I.
62 pacientes foram avaliados com OCT. Observou-se que os pacientes com SrTB, na angiografia, apresentaram menor volume de trombo e também maior fluxo TIMI 3 e maior presença de Blush miocárdico 3.
Leia também: Deveríamos começar a pensar novamente nos stents bioabsorvíveis?
O DP foi a favor do grupo SrTB (8,6% versus 4,6%; adjusted HR [aHR], 1,83 [95% CI, 1,34–2,48]; p < 0,001). Os pacientes com LrTB exibiram maior mortalidade cardiovascular, choque cardiogênico, presença de classe funcional IV e insuficiência cardíaca. O TVR, o AVC e a trombose do stent foram similares. A maioria dos eventos ocorreram dentro dos 30 dias.
A utilização de GP IIb/IIIa e a presença de sangramento foi maior no grupo LrTB.
Conclusão
A presença de LrTB é um achado comum na angioplastia primária e associa-se a um incremento de efeitos adversos cardiovasculares, inclusive morte cardiovascular. As tecnologias futuras deveriam oferecer uma melhor remoção que os dispositivos atuais, diminuindo ou talvez eliminando o risco dos trombos residuais. Isso poderia mudar as opções em termos de estratégia nos futuros estudos clínicos.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Prognostic Role of Residual Thrombus Burden Following Thrombectomy: Insights From the TOTAL Trial. Mohammad Alkhali, et al. eCirc Cardiovasc Interv.
Referência: 2022;15:e011336.DOI:10.1161/CIRCINTERVENTIONS.121.011336.
Subscreva-se a nossa newsletter semanal
Receba resumos com os últimos artigos científicos