A geometria fractal das bifurcações coronarianas apresenta um mismatch entre o diâmetro proximal do ramo principal e os ramos distais que compõem a bifurcação. A angioplastia nesse setor pode ser feita mediante distintas técnicas que vão depender da distribuição da placa e da geometria particular de cada bifurcação.
Em geral é possível observar um passo em comum, independentemente da estratégia utilizada, que é a técnica de otimização proximal (POT). Devido ao fato de o diâmetro do stent escolhido dever ser compatível com o calibre do vaso distal (para evitar o trauma vascular), muitas vezes o segmento proximal pode ficar infraexpandido. Se o mismatch for considerável, ao realizar o POT de maneira sucessiva é possível que ocorra uma superexpansão do stent, que gera uma deformação estrutural. Esse comportamento “longitudinal” foi pouco estudado na literatura.
O objetivo deste trabalho foi analisar e descrever os padrões de deformação longitudinal dos stents durante a superexpansão do POT, tanto em um banco de testes quanto em uma análise clínica de um registro retrospectivo.
Ao avaliar o comportamento no banco de testes (tubo siliconado), simulou-se o POT em dois modelos diferentes com um segmento principal proximal comum (diâmetro > 6,0 mm), uma transição de 1 mm de comprimento que conectava com o segmento distal (plataformas 3,0 ou 3,5 mm).
O teste foi levado a cabo com 5 tipos deferentes de stents: Orsiro, Resolute Onyx, Sinergy, Sinergy Megatron, Ultimaster e Xience (todos eles com um comprimento de 28 mm), com uma avaliação de distintos comprimentos na zona proximal. A OCT foi utilizada de maneira sistemática duas vezes depois do implante do stent e todas as vezes em que se realizou um novo POT.
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Para o controle clínico analisou-se a base de dados de OCT de angioplastias de bifurcação de quatro centros participantes durante dois anos.
No teste de banco, foram levados a cabo 15 testes com a plataforma 3,0 mm e 14 testes com a plataforma 3,5 mm. Ao analisar a plataforma de 3,0 mm observou-se um alongamento significativo com cada incremento de 0,5 mm no POT, com um alongamento máximo de 4,31 ± 1,47 mm ao alcançar uma superexpansão de 5,5 mm.
O mesmo efeito foi evidenciado na plataforma de 3,5 mm com um alongamento significativo a cada 0,5 mm, com um alongamento máximo de 2,87 ± 0,94 mm no nível proximal (significa um alongamento relativo de 19,45%).
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Observou-se uma diferença significativa ao comparar o alongamento médio em distintos comprimentos proximais (10 mm: 1,34 ± 1,36 mm; 15 mm: 1,64 ± 1,30 mm; 20 mm: 2,12 ± 1,89 mm; p = 0,05). Ao analisar os distintos tipos de stents não foram observadas diferenças significativas nem fraturas do stent na análise de OCT.
Na análise clínica foram analisados 36 casos (a maioria no tronco distal). Em tal sentido, as imagens de OCT demostraram um alongamento médio de 2,22 ± 1,35mm (p < 0,01).
Conclusões
Ao analisar um banco de testes e casos de bifurcações de um registro de OCT, evidenciou-se no modelo simulado um alongamento relevante no nível proximal com cada superexpansão de 0,5 mm. Esses dados foram confirmados na análise retrospectiva do registro de OCT de bifurcações, o que mostrou um alongamento de mais de 2 mm no segmento proximal. Esses resultados deveriam ser levados em conta na hora de tomar a decisão sobre o stent, principalmente em segmentos como o tronco da coronária esquerda, devido ao fato de uma má aposição poder significar uma falha na revascularização do vaso com as posteriores consequências clínicas que isso significa.
Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Bench test and in vivo evaluation of longitudinal stent deformation during proximal optimization.
Fonte: EuroIntervention 2022;18:83-90. DOI: 10.4244/EIJ-D-21-00824.
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