Angioplastia do tronco da coronária esquerda: evolução e resultados no decorrer do tempo

A angioplastia do tronco da coronária esquerda (ATC do TCE) é uma opção de tratamento cada vez mais utilizada em nosso meio. Um dos motivos pelos quais se escolhe essa estratégia terapêutica está relacionado com a melhora dos dispositivos e das técnicas. No entanto, os resultados da ATC do TCE a longo prazo não estão bem definidos. 

Angioplastia al tronco de la coronaria izquierda: evolución y resultados en el tiempo

O objetivo deste estudo retrospectivo foi analisar os dados do Reino Unido para avaliar a tendência no tempo da ATC do TCE e os resultados clínicos em um período de 9 anos. 

Entre 2009 e 2017 foram analisados 14.522 pacientes submetidos a ATC do TCE no Reino Unido. Foram observadas mudanças nas características demográficas dos pacientes, sendo estes de maior idade e com maiores comorbidades. Além disso, a complexidade do procedimento se incrementou, seja pelo número de vasos tratados, seja pelo comprometimento de bifurcações, pelo maior número de stents utilizados e uso mais estendido de ultrassom intravascular e aterectomia rotacional. 

Depois de fazer um ajuste, observou-se uma redução significativa no tempo de ocorrência de IAM periprocedimento (p < 0,001), eventos cardíacos ou cerebrovasculares maiores intra-hospitalares (p < 0,001) e complicações do procedimento (p < 0,001).

Leia também: TAVI e novo BCRE.

Na análise multivariada, a idade, o sexo feminino, o número de stents e a comorbidade dos pacientes estiveram associados a maiores taxas de eventos cardíacos ou cerebrovasculares intra-hospitalares. Por outro lado, o uso de imagens intravasculares e o ano de realização da ATC se associaram a menor taxa de eventos maiores intra-hospitalares. 

Conclusão 

Em pacientes submetidos a ATC do TCE houve mudanças temporais significativas no que se refere ao incremento da idade e das comorbidades. Embora a complexidade da intervenção tenha apresentado maior complexidade com o passar dos anos, a taxa de IAM periprocedimento, de eventos maiores intra-hospitalares e as complicações do procedimento diminuíram significativamente com o decorrer do tempo. Esta informação é de grande valia para a tomada de decisões do Heart Team no que diz respeito à escolha da estratégia terapêutica. 

Dr. Andrés Rodríguez

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Temporal Trends in In-Hospital Outcomes Following Unprotected Left-Main Percutaneous Coronary Intervention: An Analysis of 14522 Cases From British Cardiovascular Intervention Society Database 2009 to 2017.

Referência: Tim Kinnaird et al Circ Cardiovasc Interv. 2023;16:e012350.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Impacto da pós-dilatação com balão na durabilidade a longo prazo das biopróteses após o TAVI

A pós-dilatação com balão (BPD) durante o implante percutâneo da válvula aórtica (TAVI) permite otimizar a expansão da prótese e reduzir a insuficiência aórtica...

TAVI em insuficiência aórtica nativa pura: são realmente superiores os dispositivos dedicados?

Esta metanálise sistemática avaliou a eficácia e a segurança do implante percutâneo da valva aórtica em pacientes com insuficiência aórtica nativa pura. O desenvolvimento...

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...