A insuficiência mitral (IM) secundária isquêmica e não isquêmica gera uma dilatação das câmaras cardíacas esquerdas, deslocamento dos músculos papilares e uma alteração no fechamento das membranas da valva mitral gerando regurgitação mitral. Isso leva à deterioração da função ventricular e a um mal prognóstico.
O tratamento borda a borda com MitraClip nesse grupo demonstrou ser seguro e efetivo a curto prazo, mas sua evolução em acompanhamento de 5 anos ainda não foi corretamente analisada.
O estudo COAPT randomizou 302 pacientes a receber tratamento borda a borda com MitraClip mais tratamento médico ótimo em doses máximas toleradas (TMO) de acordo com as diretrizes, e 312 a receber TMO somente.
Não houve diferenças entre grupos.
A taxa de sucesso do implante foi de 97% e em 95% dos casos foram implantados um ou dois clipes.
No que se refere ao tratamento médico não houve diferença no acompanhamento, exceto pelo fato de os inibidores do eixo renina-angiotensina terem sido mais utilizados nos pacientes nos quais se implantou o dispositivo.
Em 5 anos de acompanhamento a taxa anualizada de hospitalização por insuficiência cardíaca foi de 33,1% para o grupo dispositivo e de 57,2% para o grupo controle (hazard ratio, 0,53; 95% confidence interval [CI], 0,41 a 0,68). Além disso, a mortalidade por qualquer causa foi de 57,2% vs. 67,2% (hazard ratio, 0,72; 95% CI, 0,58 a 0,89) e a morte ou hospitalização por insuficiência cardíaca foi de 73,6% vs. 91,5% (hazard ratio, 0,53; 95% CI, 0,44 a 0,64) respectivamente.
A falha de segurança do dispositivo em 5 anos ocorreu em 4 pacientes (1,4%), todos eles dentro dos primeiros 30 dias.
Não houve diferenças em termos de infarto, revascularizações, fibrilação atrial, AVC, implante de marca-passo, ressincronização cardíaca, AICD, transplante cardíaco ou dispositivo de assistência ventricular.
A presença de IM teve menor impacto no grupo dispositivo, mas não houve diferenças quanto à fração de ejeção, diâmetro das câmaras cardíacas, volume sistólico e pressão do ventrículo direito.
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Em 67 pacientes do grupo controle (21,5%) foi implantado o dispositivo em um tempo médio de 26 meses.
Conclusão
Entre os pacientes com insuficiência mitral secundária moderada-severa sintomática apesar de receberem tratamento médico ótimo de acordo com as diretrizes, o tratamento borda a borda da valva mitral foi seguro e levou a uma menor taxa de hospitalização por insuficiência cardíaca e menor mortalidade por qualquer causa em 5 anos de acompanhamento do que o tratamento médico somente.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Five-Year Follow-up after Transcatheter Repair of Secondary Mitral Regurgitation.
Referência: Gregg W. Stone, et al. NEJM DOI: 10.1056/NEJMoa2300213.
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