As angioplastias (ATC) nas oclusões crônicas (CTO) estão em franca ascensão graças ao desenvolvimento tecnológico, mas continuam representando um grande desafio e não estão livres de complicações.
Um critério importante para conseguir o sucesso das ATC é o comprimento: quando é ≥ 20 mm as possibilidades diminuem de acordo com o J-CTO Score. No entanto, com o maior treinamento dos operadores e o desenvolvimento de novos guias e microcateteres o panorama está mudando.
Foi feita uma análise de 10.335 ATC em CTO realizadas entre 2012 e 2022. Dentre elas, 7208 apresentaram um comprimento ≥ 20 mm (69,7%) e 3127 < 20 mm (30,3%).
A idade foi similar em ambos os grupos mas os que apresentaram CTO ≥20 mm eram predominantemente homens, com mais hipertensão, tabagismo, dislipidemia, diabetes, doença vascular periférica, insuficiência cardíaca, menor fração de ejeção, infarto e CRM.
A artéria que apresentava CTO foi mais frequentemente a coronária direita (57,3%), seguida da descendente anterior (23,4%) e por último da circunflexa.
As CTO ≥ 20 mm apresentaram características angiográficas mais desfavoráveis, maior tortuosidade e calcificação severa. Além destas, utilizou-se com maior frequência a técnica de dissecção e reentrada e a estratégia retrógrada.
A taxa de sucesso do cruzamento foi menor nas que apresentavam maior comprimento, as quais também tiveram uma maior necessidade de stents. Além disso, requereram maior tempo de fluoroscopia e o tempo de procedimento foi maior.
A presença de CTO ≥ 20 mm se associou a menor taxa de sucesso técnico e do procedimento (84,4% vs. 91,8%; p < 0,001 e 81,9% vs. 90,3%; p < 0,001, respectivamente). O MACE hospitalar foi maior nesse grupo (3,4% vs. 1,9%; p < 0,001), bem como o IAM (0,7% vs. 0,26%; p = 0,009), as perfurações (5,15% vs. 3,87%; p = 0,007) e a presença de trombos e dissecções (0,84% vs. 0,35%; p = 0,008).
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Um incremento de 10 mm no CTO se associou a uma diminuição no sucesso técnico.
Na análise multivariada da lesão se associou a uma diminuição do sucesso técnico e a MACE.
Conclusão
O comprimento da CTO se associou de forma independente a um menor sucesso técnico e a um MACE hospitalar mais alto.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Impact of lesion length on the outcomes of chronic total occlusion percutaneous coronary intervention: Insights from the PROGRESS‐CTO registry.
Referência: Athanasios Rempakos, et al. Catheter Cardiovasc Interv. 2023;101:747–755.
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