O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) demonstrou importantes benefícios. Um de seus grandes desafios, porém, é demonstrar a segurança e a efetividade no seguimento de longo prazo para os pacientes de baixo risco. Atualmente contamos com informação de seguimento de dois anos proveniente do estudo Evolute Low Risk, mas a informação para acompanhamento mais longo é muito escassa.
Foi feita uma análise de seguimento de 3 anos do estudo Evolute Low Risk, na qual foram incluídos 1414 pacientes. Dentre eles, 730 foram submetidos a TAVI (51,6%) e 630 a cirurgia de substituição aórtica (48,4%).
O desfecho primário (DP) foi morte por qualquer causa ou AVC incapacitante em 3 anos.
Não houve diferenças na população: a idade média foi de 73 anos, com 65% de homens, 30% de diabetes, 85% de hipertensão, 16% de DPOC, 8% de doença vascular periférica, 2% de CRM prévia, 14% de ATC prévia, 5% de IAM prévio, 15% de fibrilação atrial, 3,5% de marca-passo definitivo. A fração de ejeção foi de 61%.
O STS de mortalidade foi de 2% e o escore de SYNTAX I foi de 2.
O DP para TAVI e cirurgia foi de 7,4% vs. 10,4% (HR: 0,70; 95% CI: 0,49-1,00; log-rank p = 0,051) respectivamente.
Em 3 anos de acompanhamento não houve diferença entre TAVI e cirurgia em termos de mortalidade (6,3% vs. 8,3% HR: 0,75; 95% CI: 0,51-1,12; p = 0,16) nem AVC incapacitante (2,3% vs. 3,4% HR: 0,65; 95% CI: 0,34-1,24; p = 0,19)
O desfecho primário composto de mortalidade por qualquer causa, AVC incapacitante e re-hospitalização por causa valvar foi de 13,2% para TAVI vs. 16,2% para cirurgia (HR: 0,76; 95% CI: 0,58-1,00; p = 0,050).
O índice de fibrilação atrial foi maior nos pacientes submetidos a cirurgia (13% vs. 40%; p < 0,01) e a necessidade de marca-passo definitivo foi maior no grupo TAVI (23,2% vs. 9,1%; p < 0,01).
A presença de mismatch protético moderado foi menor nos pacientes que foram submetidos a TAVI (10,6 vs. 25,5; p = 0,01).
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Não houve diferença entre os grupos em relação à existência de regurgitação moderada ou severa, mas o TAVI evidenciou uma maior presença de regurgitação leve.
Não houve diferença em termos de infarto agudo do miocárdio (IAM), complicações vasculares maiores, trombose valvar e endocardite.
Conclusão
Dentro dos três anos de acompanhamento, o estudo Evolute Low Risk demonstrou que os benefícios do TAVI são duradouros em relação à mortalidade por qualquer causa ou AVC incapacitante em comparação com a cirurgia.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: 3-Year Outcomes After Transcatheter or Surgical Aortic Valve Replacement in Low-Risk Patients With Aortic Stenosis.
Referência: John K. Forrest , et al. J Am Coll Cardiol 2023;81:1663–1674.
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