O tratamento borda a borda com Mitraclip surgiu como uma estratégia válida no tratamento da insuficiência mitral (IM) quando a abordagem cirúrgica não é possível. No entanto, após a alta a presença de insuficiência mitral mais do que moderada pode ser superior a 10% devido ao fato de o procedimento ser realizado sob anestesia e a pré e pós-carga estarem alteradas. Em dito contexto, o ecocardiograma sob estresse pode ser uma ferramenta útil para identificar os pacientes que apresentarão posteriormente incremento de sua insuficiência mitral.
Foram incluídos 39 pacientes com insuficiência mitral severa que receberam tratamento borda a borda com MitraClip. Ao finalizar o procedimento foi levado a cabo o eco-estresse com dobutamina sob anestesia geral.
A idade média foi de 76 anos, 39% dos pacientes eram homens, 36% apresentavam hipertensão, 26% diabetes, 21% infarto prévio, 23% ATC, 15% CRM, 54% fibrilação atrial, a maioria se encontrava em classe funcional II-IV e todos tinham o NT-ProBNP alto.
A maioria dos pacientes foi submetida a implante de entre um e dois clipes.
Ao finalizar o procedimento 30 pacientes apresentaram IM leve e 9 moderada.
Após a realização do ecocardiograma sob estresse com dobutamina, observou-se incremento da IM em 11 pacientes, tendo sido esta mais do que moderada em 6 desses casos.
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A performance do diagnóstico para essa ferramenta foi estabelecida com uma sensibilidade de 10% e uma especificidade de 85% em pacientes não selecionados.
Conclusão
A utilização do ecocardiograma sob estresse durante o tratamento borda a borda é uma ferramenta útil para predizer a insuficiência mitral alta. Além disso, poderia respaldar as decisões durante a realização do procedimento, incluindo a utilização de clipes adicionais e potencialmente melhoraria a evolução.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Dobutamine stress echocardiography during transcatheter edge‐to‐edge mitral valve repair predicts residual mitral regurgitation.
Referência: Frank Meijerink, et al. Catheter Cardiovasc Interv. 2023;101:1128–1133.
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