Fatores relacionados com TLR em pacientes com nódulos calcificados.
Os pacientes com cardiopatias complexas que são submetidos a um tratamento percutâneo constituem um cenário cada vez mais frequente. Tal é o caso do tratamento das lesões calcificadas e do tratamento dos nódulos calcificados (NC). A complexidade do procedimento não só implica seu planejamento, mas também o estabelecimento de um prognóstico posterior para ditos pacientes, considerando o fato de ser maior a quantidade de eventos relacionados com o vaso no seguimento a longo prazo.
A possibilidade de contar com imagens intravasculares permite melhorar a caracterização de maneira mais específica. A partir disso, Tomoyo H e Col formularam este estudo com o objetivo de esclarecer os fatores prognósticos associados com a falha do stent nos pacientes com nódulos calcificados que foram submetidos a um exame de tomografia de coerência ótica (OCT).
Foi levado a cabo um estudo retrospectivo e observacional de pacientes consecutivos com doença coronariana que foram submetidos a uma angioplastia coronariana (PCI) em 4 instituições do Japão. Esses pacientes deviam apresentar nódulos calcificados (imagem adjacente à placa calcificada com retrodispersão bem definida) no vaso culpado, objetivados por OCT prévia à internação. Foram excluídos os pacientes nos quais havia sido implantado um DES, aqueles que apresentavam reestenose intrastent ou os que tinham a lesão localizada em um by-pass.
Os NC foram classificados como eruptivos (NCE) ou protrusões calcificadas (PCs). Posteriormente foi feita uma análise qualitativa dos NC através de uma análise de atenuação do sinal com OCT.
O desfecho primário (DP) foi a revascularização do vaso tratado, definida como angioplastia ou by-pass no vaso alvo. Foram obtidos dados de 108 pacientes, com uma idade média de 67 anos e 70% de homens. O seguimento médio levado adiante foi de 523 dias. A incidência média em 5 anos foi de 32,6% de TLR.
Os eventos de TLR ocorreram principalmente no nível ostial e naqueles segmentos com stents mais longos. A prevalência de NCE nos vasos com TLR foi maior nos pacientes sem TLR (76% vs. 41%; p = 0,02).
Ao fazer uma avaliação qualitativa, observou-se uma menor atenuação da espessura por trás do NC nos pacientes com revascularização (ponto de corte de 332 para eventos). A partir desse ponto de corte classificou-se em NC escuros (< 332) e claros (> 332), observando-se nos pacientes com TLR maior índice de NC escuros.
Na análise multivariada foram identificados como preditores de TLR o fato de o paciente estar em diálise, a idade jovem, a presença de NCE e os NC escuros. Posteriormente fez-se a análise de eventos de quatro subgrupos de acordo com a OCT (segundo a presença de NC escuro ou claro e a presença de NCE ou PCs). A incidência de eventos em 5 anos foi muito maior nos pacientes com NCE e nódulos escuros (53% vs. 8,5%; HR 5,34, IC 95% 1,55-18; p = 0,008).
Conclusões
Observou-se um índice de TLR de 32,6% nos pacientes com NC. As características clínicas que se associaram a maior TLR foram a hemodiálise e a idade jovem, ao passo que os NC escuros e os NC eruptivos prévios à PCI apresentaram maior taxa de revascularização no seguimento.
Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Predictors of target lesion revascularization after drug eluting stent implantation for calcified nodules: an optical coherence tomography study.
Referência: Hamana T, Kawamori H, Toba T, Kakizaki S, Nakamura K, Fujimoto D, Sasaki S, Fujii H, Osumi Y, Fujioka T, Nishimori M, Kozuki A, Shite J, Iwasaki M, Takaya T, Hirata KI, Otake H. Predictors of target lesion revascularisation after drug-eluting stent implantation for calcified nodules: an optical coherence tomography study. EuroIntervention. 2023 Jun 5;19(2):e123-e133. doi: 10.4244/EIJ-D-22-00836. PMID: 36876497; PMCID: PMC10240727.
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