A abordagem borda a borda com MitraClip se consolidou como uma estratégia válida para os pacientes que apresentam insuficiência mitral (IM) severa sintomática com um alto risco para cirurgia, atualmente com uma indicação IIa.
Uma situação especialmente complexa se apresenta quando a IM se complica com choque cardiogênico, representando um risco elevado para a cirurgia valvar convencional. O tratamento borda a borda surge como uma alternativa, embora careçamos na atualidade de análises exaustivas ou estudos randomizados, dispondo unicamente de diversas publicações.
Foi levada a cabo uma metanálise que incluiu 12 estudos (7 séries de casos e 5 observacionais) com 460 pacientes.
O desfecho primário (DP) avaliado foi a mortalidade em um ano.
A idade média foi de 68 anos, com 40% de mulheres. 70% dos pacientes apresentavam hipertensão, 35% tinham diabetes, 43% deterioração da função renal, 20% doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), 11% tinham passado por um acidente vascular cerebral (AVC), 61% doença coronariana, 49% ATC. 21% tinham sido submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica (CRM). A fração de ejeção foi de 36%.
74% dos pacientes receberam inotrópicos, tendo sido a assistência ventricular utilizada em 28% dos casos IABP, em 29% Impella, e 13% oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO).
A causa mais frequente de IM foi a de tipo funcional (54%), seguida de 26% de origem isquêmica e 40% devido a um infarto agudo do miocárdio (IAM). O índice de risco STS foi de 17,7%.
O DP foi de 36% em um ano (IC de 95%: 21%-54%) e a presença de IM inferior a 2+ foi de 88% (IC de 95%: 87%-89%).
Leia também: Evolução da ATC em doenças infiltrativas.
A mortalidade em 30 dias foi de 11% (IC de 95%: 10%-13%), ao passo que em 15 dias foi de 15% (IC de 95%: 13%-16%), com uma duração média de hospitalização de 13,9 dias (IC de 95%: 7,08-20,7).
Conclusão
Este estudo representa uma revisão sistemática e uma metanálise das características clínicas e da evolução do tratamento borda a borda no choque cardiogênico em pacientes com insuficiência mitral. A abordagem borda a borda na insuficiência mitral com choque cardiogênico demonstrou ser bem-sucedida na redução da regurgitação mitral na maioria dos pacientes, embora se associe a uma elevada taxa de mortalidade. Torna-se imperativo
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Transcatheter edge‐to‐edge mitral valve repair for mitral regurgitation in patients with cardiogenic shock: A systematic review and meta‐analysis.
Referência: Tetsuya Saito, et al. Catheter Cardiovasc Interv. 2024;103:340–347.
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