A angiografia coronariana invasiva (ICA) se tornou o padrão de ouro para avaliar os pacientes com síndrome coronariana crônica (SCC) em busca de doença arterial coronariana obstrutiva. Sua capacidade para detectar dita doença é, no entanto, limitada e não aborda a isquemia miocárdica de origem não obstrutiva, que termina sendo obviada.
Com o propósito de abordar tais limitações, foi levado a cabo um estudo observacional, prospectivo e multicêntrico para avaliar o rendimento do diagnóstico invasivo avançado (AID), que incluiu a medição da reserva de fluxo coronariano (CFR), a resistência microvascular e o teste de acetilcolina, com o intuito de identificar tanto as causas obstrutivas como as não obstrutivas da isquemia miocárdica em pacientes com SCC.
O desfecho primário (DP) do estudo foi determinar a proporção de pacientes nos quais se identificou a causa da isquemia miocárdica por meio unicamente da ICA em comparação com o apoio da estratégia AID.
Como desfechos secundários (DS), avaliou-se a proporção de pacientes nos quais se identificou a isquemia em estenose não obstrutiva (INOCA) e a proporção de casos nos quais a estratégia AID permitiu modificar o plano terapêutico inicial.
O estudo incluiu 317 pacientes, com uma maior proporção de homens e com uma média de idade de 66 anos, apresentando em sua maioria sintomas de angina e tendo aproximadamente 60% deles testes de isquemia não invasivos positivos. Observaram-se complicações em uma pequena porcentagem de casos, principalmente relacionados com dissecção iatrogênica (0,6%) e arritmias ventriculares (0,3%), sem eventos de morte ou infarto do miocárdio.
Os resultados revelaram que a ICA por si só identificou a causa da isquemia em apenas 32% dos pacientes, ao passo que a estratégia AID consegui identificá-la em 84% dos casos, o que representou um aumento significativo no rendimento diagnóstico em comparação com a ICA isoladamente (p < 0,001). Além disso, foi constatada uma prevalência de 45% de INOCA segundo a estratégia AID e somente 16% dos pacientes submetidos a ICA não apresentaram anormalidades. A estratégia AID também impulsionou uma mudança no plano terapêutico inicial em quase 60% dos casos.
Conclusão
Em síntese, a estratégia AID demonstrou ser segura e efetiva para identificar as causas da isquemia miocárdica em mais de 80% dos pacientes com SCC, o que levou a mudanças na estratégia terapêutica inicial na maioria dos casos.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Combining angiography and pre-specified intracoronary testing in patients with chronic coronary syndromes: the AID-ANGIO study.
Referência: Adrian Jeronimo et al.
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