Embora a terapia antiplaquetária dual (DAPT) seja o tratamento padrão para o manejo de pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA) submetidos a angioplastia coronariana, existe uma crescente consciência sobre a necessidade de adotar um enfoque mais centrado no paciente a fim de equilibrar a proteção isquêmica proporcionada pela DAPT com o risco de complicações hemorrágicas associadas.

O estudo 4D-ACS, um ensaio clínico randomizado realizado na Coreia, incluiu 656 pacientes da Ásia Oriental com SCA, que foram randomizados em uma proporção de 1:1 a receber DAPT durante um mês com aspirina 100 mg e prasugrel 10 mg (com uma dose reduzida de 5 mg de prasugrel em pacientes ≥ 75 anos ou com peso corporal < 60 Kg), seguida de monoterapia com prasugrel (grupo DAPT-1M); ou um esquema de DAPT convencional de 12 meses com aspirina e prasugrel 5 mg (grupo DAPT-12M). Este estudo se posiciona como um dos primeiros a avaliar estratégias de redução ou desescalada da DAPT.
O desfecho primário (DP) foi definido como os eventos clínicos adversos puros (NACE) em 12 meses, definidos como a combinação de morte, infarto do miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral, revascularização do vaso tratado induzida por isquemia e hemorragia tipo 2-5 segundo os critérios do Consórcio de Pesquisa Acadêmica sobre Sangramento (BARC).
Em 12 meses, a taxa de NACE foi de 4,9% no grupo DAPT-1M e de 8,8% no grupo DAPT-12M, cumprindo tanto com os critérios de não inferioridade quanto de superioridade. A incidência de hemorragia maior foi de 0,6% vs. 4,6% (HR 0,13; p = 0,007) nos grupos DAPT-1M e DAPT-12M, respectivamente. Os eventos isquêmicos se mantiveram comparáveis entre os dois grupos.
Conclusão
O ensaio 4D-ACS demonstrou que um protocolo de desescalada de DAPT em um mês seguido de monoterapia com prasugrel em dose baixa é seguro e factível em pacientes com SCA tratados com stents farmacológicos (DES). Dita estratégia proporcionou uma melhor segurança ao reduzir significativamente o risco de sangramento sem comprometer a proteção isquêmica. O uso de um esquema de DAPT de curta duração seguido de monoterapia representa uma alternativa terapêutica viável, que permite afastar-se do paradigma rígido da DAPT prolongada rumo a um modelo adaptado ao perfil de risco e com foco no paciente.
Referência: Jang Y, Park S-D, Lee JP, et al EuroPCR 2025.
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