Recentemente, o J Am Coll Cardiol Intv publicou um suplemento especial sobre as plataformas bioabsorvíveis. Provavelmente, a decisão da Abbott de retirar o Absorb do mercado tenha precipitado a publicação de todos os artigos que tinham sido enviados ao jornal.
As plataformas bioabsorvíveis foram desenvolvidas com a esperança de poderem reduzir entre 1,5% e 3% o risco anual de eventos após o primeiro ano do implante em relação aos stents farmacológicos metálicos.
Entretanto, a plataforma bioabsorvível Absorb foi recentemente retirada do mercado já que a taxa de trombose dentro do primeiro ano foi o dobro do esperado. Já não contamos com o dispositivo, mas pelo fato de ter sido o mais utilizado do mercado durante muito tempo, há muitos pacientes que necessitam um correto assessoramento.
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Este trabalho pesquisou quais são os principais fatores de risco para trombose do Absorb dentro do primeiro ano de realizado o implante.
Foram incluídos 8.771 pacientes consecutivos que receberam o dispositivo Absorb. Dentre eles, 105 (1,2%) apresentaram trombose dentro do primeiro ano do implante.
Observou-se trombose precoce (dentro do primeiro mês) em 69 pacientes e tardia (entres os meses 1 a 12) nos restantes 36 pacientes.
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A trombose se correlacionou com diâmetro luminal mínimo final < 1,85 mm (OR: 3,1; p = 0,004), com a suspensão da dupla antiagregação plaquetária (OR: 3,1 a 3,5; p = 0,006 a 0,053), com a não pós-dilatação com balão > 1,1:1 relação balão/plataforma (OR: 2,3; p = 0,022) e com um diâmetro de referência do vaso < 2,40 mm (OR: 2,1; p = 0,036).
Conclusão
Um diâmetro inadequado do vaso tratado, uma técnica de implante inadequada, um resultado angiográfico subótimo e a suspensão da dupla antiagregação plaquetária são os principais determinantes do risco de trombose dentro dos 12 meses do implante de um Absorb.
Comentário editorial
A fortaleza deste trabalho é ter apresentado o maior número de pacientes com trombose de uma plataforma bioabsorvível Absorb até o presente momento.
Vários trabalhos já tinham adiantado a importância de evitar os vasos de pequeno calibre e uma técnica de implante cuidadosa (especialmente a preparação do vaso e a pós-dilatação com balões não complacentes), mas não tinha sido verificada até agora a associação entre a suspensão da dupla antiagregação e trombose. É difícil realizar uma recomendação sobre um tempo mínimo de dupla antiagregação, mas parece ser prudente um tratamento não inferior a um ano.
Título original: Clinical, Angiographic, and Procedural Correlates of Acute, Subacute, and Late Absorb Scaffold Thrombosis.
Referência: Stephen G. Ellis et al. J Am Coll Cardiol Intv 2017;10:1809–15.
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