Para aqueles pacientes submetidos a um cateterismo por acesso radial, a compressão no local da punção, seja ela manual ou mecânica, não modifica a taxa de oclusão da artéria pós-procedimento. O tempo necessário para conseguir a hemostasia com a compressão manual é menor, mas parece pouco aplicável na prática clínica.
Poderíamos fazer uma subanálise econômica do estudo para saber se os dispositivos de compressão mecânica economizam custos vs. os 20 minutos necessários de trabalho de um técnico ou enfermeiro para realizar a compressão manualmente, embora isso seja difícil de traduzir às diferentes realidades de cada país e de cada centro, especialmente se considerarmos que na maioria dos centro da América Latina não utilizam um dispositivo que realize a compressão mas sim, simplesmente, um maço de gaze e esparadrapo. Definitivamente isso é mais barato, apesar de não conhecermos a taxa de oclusão radial pós-procedimento com dito sistema mais “artesanal”.
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O estudo MEMORY será publicado em breve no JACC: Cardiovascular Interventions e incluiu 589 pacientes que foram submetidos a coronariografia diagnóstica por acesso radial com introdutor 5 Fr. A compressão manual foi feita sobre o local da punção durante 10 minutos ou o que fosse necessário para controlar a hemostasia enquanto se controlava que a compressão não fosse oclusiva utilizando um saturômetro e ocluindo a cada 1 ou 2 minutos a artéria cubital.
A compressão mecânica foi feita com uma munhequeira inflável (Vitatech Pressure Bandage, KDL Medical Group) sobre o local da punção.
A taxa de oclusão radial às 24 horas (o desfecho primário) foi de 12% com a compressão manual vs. 8% com a compressão mecânica (p = 0,176). Após ajustar por volume de contraste, dose de heparina, entre outras variáveis, o método para conseguir a hemostasia não se associou a risco de oclusão da artéria radial.
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Variáveis como a quantidade de tentativas punçando até conseguir o acesso, a dose de heparina, o tempo de procedimento e a hemostasia não oclusiva são fatores independentes que predizem a oclusão radial. Neste estudo, todos os pacientes utilizaram introdutores 5 Fr. (motivo pelo qual esta variável não pode ser analisada neste trabalho) mas temos conhecimento de outros nos quais quanto maior o tamanho do introdutor, maiores as chances de oclusão radial. O diâmetro médio das radiais foi de 2,8 mm, o que indica que as artérias eram relativamente grandes para os 5 Fr. Do introdutor.
A compressão para alcançar a hemostasia mas assegurando-se a perviedade se associou a um risco 92% menor de oclusão da artéria.
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O tempo médio de hemostasia foi de 22 minutos para a compressão manual vs. 119 minutos para a compressão mecânica. No entanto, não houve diferenças significativas nas complicações do acesso (hematoma, hemorragia, etc.). A taxa de oclusão 24 horas após o procedimento foi de aproximadamente 10% em ambos os ramos, talvez um pouco mais alta do que o esperado. Estes 10% poderiam estar sobredimensionados pela avaliação demasiadamente precoce. Temos dados de outros trabalhos que em uma semana, em um mês ou em três meses muitas radiais voltam a tornar-se pérvias.
Título original: Manual versus mechanical compression of the radial artery after transradial coronary angiography: the MEMORY multicenter, randomized trial.
Referência: Petroglou D et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2018;11:1050-1058.
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