Revascularização pré-TAVI: angiografia ou fisiologia?

Guiar a revascularização com fluxo fracionado de reserva (FFR) se associou com resultados favoráveis em comparação com a clássica condução angiográfica em pacientes em plano de receber um implante percutâneo da valva aórtica (TAVI).  

Debemos tener en cuenta a la isquemia crítica de MM II en el TAVI

Diante da completa falta de estudos randomizados, este trabalho observacional é o melhor que temos para guiar a revascularização em pacientes com estenose aórtica severa sintomática em plano de TAVI. 

A “moda atual” tende claramente à estratégia conservadora de revascularizar somente as lesões em segmentos proximais e não como fazíamos há alguns anos ao tratar todas as lesões possíveis com a justificativa de que após o implante o acesso às coronárias podia se dificultar. 

Todos os pacientes com estenose aórtica severa e doença coronariana na angiografia foram incluídos nesta análise retrospectiva e divididos em dois grupos: guiados por angiografia (122/216; 56,5%) vs. guiados por FFR (94/216; 43,5%). Os pacientes foram seguidos e avaliados por 2 anos para ver a taxa de eventos maiores. 


Leia também: AHA 2019 | COMPLETE: a revascularização completa é superior por tratar outras placas vulneráveis.


A grande maioria (78,2%) das lesões avaliadas com FFR foram negativas para isquemia de acordo com o ponto de corte padrão de 0,80 e, portanto, foram diferidas. 

O grupo guiado por FFR apresentou uma sobrevida livre de eventos significativamente maior que o grupo guiado por angiografia (92,6% versus 82,0%; HR: 0,4; IC 95%: 0,2–1,0; p = 0,035).


Leia também: AHA 2019 | Treat Stroke to Target: terapia agressiva com estatinas pós-AVC.


Aqueles pacientes cujas lesões foram diferidas também apresentaram uma sobrevida livre de eventos maior que o grupo guiado por angiografia (91,4% versus 68,1%; HR: 0,3; IC 95%: 0,1–0,6; p = 0,001), motivo pelo qual parece ser seguro diferir as lesões com base no FFR nesta população tão particular e não estudada. 

Conclusão

A revascularização guiada por FFR em pacientes com lesões coronarianas e estenose aórtica severa em plano de TAVI foi favorável em comparação com a clássica condução angiográfica. 

Título original: Physiological Versus Angiographic Guidance for Myocardial Revascularization in Patients Undergoing Transcatheter Aortic Valve Implantation.

Referência: Mattia Lunardi et al. J Am Heart Assoc. 2019; 8:e012618.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

Fibrilação atrial após oclusão percutânea do forame oval patente: estudo de coorte com monitoramento cardíaco implantável contínuo

A fibrilação atrial (FA) é uma complicação bem conhecida após a oclusão do forame oval patente (FOP), com incidência relatada de até 30% durante...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...