O TAVI em baixo risco chega à anatomia bicúspide

O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) parece se perfilar como um procedimento seguro nos pacientes com estenose aórtica, anatomia bicúspide e baixo risco cirúrgico. As estadias hospitalares são mais curtas, com taxa de mortalidade e a AVC incapacitante igual a zero. A trombose subclínica das valvas e a durabilidade do dispositivo continuam sendo os interrogantes. 

implante de la valvula aortica transcateter

A FDA aprovou o TAVI para os pacientes de baixo risco. No entanto, aqueles pacientes com anatomia bicúspide foram excluídos do estudo randomizado Pivotal Low Risk, o que nos deixava sem informação em relação a este subgrupo especial de pacientes. 

O Low Risk TAVR (LRT) foi um estudo prospectivo, multicêntrico e, além disso, o primeiro e único (por enquanto) autorizado pela FDA a testar a factibilidade do TAVI (tanto com a válvula expansível por balão quanto com a autoexpansível) em pacientes com anatomia bicúspide e de baixo risco. O desfecho primário foi a mortalidade por qualquer causa em 30 dias. Ecografias e tomografias basais e de seguimento foram avaliadas por um core lab independente. 


Leia também: Metanálise dos grandes estudos sobre TAVI em baixo risco: a evidência é consistente.


Foram incluídos 61 pacientes de baixo risco com anatomia bicúspide (78,3% com morfologia tipo 1 da classificação de Sievers) que receberam TAVI em 7 centros entre 2016 e 2019. A idade média foi de 68,2 anos e a participação de mulheres foi de 42,6%.

Após 30 dias de seguimento o número de mortes e de AVC incapacitantes foi igual a zero. A taxa de necessidade de implante de marca-passos foi de 13,1% e apenas um paciente ficou com insuficiência paravalvar moderada. 


Leia também: Resultados muito animadores para TAVI em baixo risco.


Após 30 dias, o engrossamento das valvas por tomografia foi observado em 10% dos pacientes, sendo este um achado subclínico em todos eles. Nem nesta população tão especial de paciente nem na população clássica de TAVI temos clareza a respeito do que fazer com este achado, e a verdade é que não sabemos nem mesmo se temos que buscá-lo. 

Título original: Transcatheter Aortic Valve Replacement in Low-Risk Patients with Symptomatic Severe Bicuspid Aortic Valve Stenosis.

Referência: Ron Waksman et al. JACC: Cardiovascular Interventions 2020, article in press.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...