Devemos finalizar o TAVI com estimulação atrial em alguns pacientes?

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

Os benefícios do TAVI são bem claros, mas o implante se realiza muito próximo ao nódulo A-V, ao feixe de His e ao ramo esquerdo do sistema de condução. Isso faz com que seja necessário o implante de um marca-passo definitivo (MPD) após o implante ou uma cirurgia de substituição valvar aórtica. 

¿Debemos finalizar el TAVI con marcapaseo auricular en algunos pacientes?

Embora nos últimos tempos tenham sido desenvolvidas estratégias para reduzir a necessidade de MPD, ainda não está claro que grupo de pacientes os requererão. Em tal sentido, não contamos com um teste rápido e seguro que esclareça o caso, já que na atualidade só dispomos de critérios de risco, como o bloqueio completo do ramo direito, novo bloqueio do ramo esquerdo, bloqueio A-V completo durante o procedimento, calcificação severa e o tipo de válvula utilizada. 

Neste estudo, após finalizar o implante da valva nos pacientes, o cateter de marca-passo que se encontrava no ventrículo direito foi retirado e colocado no átrio direito. Procedeu-se à realização de estimulação atrial de 70 batidas/min a 120 batidas/min ou até constatar-se o bloqueio A-V completo. O fenômeno de Wenckebach foi definido como um prolongamento do PR durante a estimulação até a produção do bloqueio completo do QRS.

Foram incluídos 284 pacientes. Dentre eles, 130 apresentavam fenômeno de Wenckebach. 


Leia também: Válvula tricúspide: é factível realizar tratamento percutâneo em pacientes com marca-passo definitivo?


Os dois grupos foram similares: a idade foi de 81 anos, com uma população de 45% de mulheres, 32% de diabéticos e sem diferenças na classe funcional. O STS foi de 5,6. A presença de estágio final da função renal foi mais frequente nos pacientes que não apresentaram fenômeno de Wenckebach (3,2% vs. 0%; p = 0,0032), e a presença de bloqueio A-V de primeiro grau foi mais comum nos que apresentaram fenômeno de Wenckebach  (36,7% vs. 16,8%; p < 0,001).

Não houve derrame pericárdico nem tamponamento nem outro tipo de complicações durante a estimulação atrial. Tampouco houve diferenças nas complicações no seguimento de 30 dias entre ambos os grupos. 

A necessidade de marca-passo definitivo em 30 dias foi maior nos pacientes que apresentaram fenômeno de Wenckebach (13,1% vs. 1,3%; p < 0,001), com um valor preditivo negativo de marca-passo definitivo de 98,7%. 


Leia também: TAVI e marca-passo, novas estratégias.


A necessidade de marcapasso definitivo foi maior com as válvulas expansíveis por balão (15,9% vs. 3,7%; p < 0,001), mas foi mais baixa naqueles pacientes que não apresentaram fenômeno de Wenckbach (2,9% e 0,8%).

Conclusão

A estimulação atrial após o TAVI é fácil de realizar e pode identificar pacientes que talvez se beneficiem com o monitoramento do ritmo durante um lapso de tempo. Os pacientes que não desenvolveram fenômeno de Wenckbach durante a estimulação apresentam muito baixa probabilidade de requererem marca-passo definitivo. 

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

Título Original: The Utility of Rapid Atrial Pacing Immediately Post-TAVR to Predict the Need for Pacemaker Implantation.

Referência: Amar Krishnaswamy, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2020;13:1046-1054


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

Fibrilação atrial após oclusão percutânea do forame oval patente: estudo de coorte com monitoramento cardíaco implantável contínuo

A fibrilação atrial (FA) é uma complicação bem conhecida após a oclusão do forame oval patente (FOP), com incidência relatada de até 30% durante...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...