ESC 2020 | Contra a corrente, a monoterapia de AAS parece ser superior após o TAVI

Após o TAVI, os pacientes que não apresentam indicação para anticoagulação se beneficiam com a monoterapia de aspirina vs. a dupla antiagregação. 

La monoterapia de AAS parece superior luego del TAVI

Este trabalho, que foi apresentado no ESC 2020 e simultaneamente publicado no NEJM parece ir contra a corrente da “moda” da monoterapia de inibidores do receptor P2Y12 e randomizou pacientes a monoterapia de aspirina vs. dupla antiagregação com clopidogrel durante 3 meses. 

Diferentemente do que ocorre no terreno das coronárias, o esquema antitrombótico ótimo após o TAVI não está estabelecido. As diretrizes europeias recomendam aspirina e clopidogrel imediatamente depois do procedimento e monoterapia após 3 meses, mas esta informação está extrapolada de velhos estudos em angioplastia coronariana. 

Ainda não existia evidência randomizada que tivesse se ocupado especificamente do tratamento antitrombótico após o TAVI. 


Leia também: Nova droga melhora a capacidade funcional em cardiomiopatia hipertrófica.


O POPular TAVI teve duas coortes. Na coorte B (pacientes com indicação de anticoagulação) já estava constatado que o acréscimo de clopidogrel aumentava o sangramento sem um claro benefício em termos isquêmicos. 

Na coorte A, que não tinha indicação para anticoagulação, a aspirina como monoterapia foi mais segura que a dupla antiagregação sem aumentar os eventos trombóticos. 

Esta informação deveria impactar nas diretrizes a curto prazo já que desterra a ideia da dupla antiagregação após o TAVI. Tanto os pacientes sem indicação de anticoagulação quanto aqueles com indicação de anticoagulação deveriam receber somente aspirina. 


Leia também: ESC 2020 | Fibrilação atrial e controle do ritmo: uma questão de tempo?


A coorte A incluiu 665 pacientes (idade média de 80 anos) que não requeriam anticoagulação randomizados a monoterapia de aspirina vs. aspirina mais clopidogrel (durante 3 meses) e depois somente aspirina. As doses de aspirina foram de entre 80 e 100 mg e as de clopidogrel de 75 mg. 

Todos os pacientes foram seguidos durante um ano. 

Ambos os desfechos primários favoreceram a aspirina, tanto em termos de sangramento total (15,1% vs. 26,6%, RR 0,57; IC 95% 0,42-0,77) como em sangramento não relacionado com o procedimento (15,1% vs. 24,9%, RR: 0,61; IC 95%: 0,44-0,83).


Leia também: ESC 2020 | Novo inibidor SGLT2 com impacto na mortalidade por insuficiência cardíaca.


Os desfechos combinados de morte cardiovascular, sangramento não relacionado com o procedimento, AVC ou infarto também favoreceram a monoterapia de aspirina (23,0% vs. 31,1%), alcançando tanto critérios de não inferioridade quanto de superioridade. 

Com esta evidência os pacientes pós-TAVI já não receberão clopidogrel. 

POPular-tavi-full

Título original: Aspirin with or without clopidogrel after transcatheter aortic-valve implantation.

Referência: Brouwer J et al. N Engl J Med. 2020; Epub ahead of print y presentado en forma virtual en el congreso ESC 2020.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

AHA 2025 | DAPT-MVD: DAPT estendido vs. aspirina em monoterapia após PCI em doença multivaso

Em pacientes com doença coronariana multivaso que se mantêm estáveis 12 meses depois de uma intervenção coronariana percutânea (PCI) com stent eluidor de fármacos...

AHA 2025 | TUXEDO-2: manejo antiagregante pós-PCI em pacientes diabéticos multivaso — ticagrelor ou prasugrel?

A escolha do inibidor P2Y12 ótimo em pacientes diabéticos com doença multivaso submetidos a intervenção coronariana percutânea (PCI) se impõe como um desafio clínico...

AHA 2025 | OPTIMA-AF: 1 mês vs. 12 meses de terapia dual (DOAC + P2Y12) após PCI em fibrilação atrial

A coexistência de fibrilação atrial (FA) e doença coronariana é frequente na prática clínica. Os guias atuais recomendam, para ditos casos, 1 mês de...

AHA 2025 | Estudo OCEAN: anticoagulação vs. antiagregação após ablação bem-sucedida de fibrilação atrial

Após uma ablação bem-sucedida de fibrilação atrial (FA), a necessidade de manter a anticoagulação (ACO) a longo prazo continua sendo incerta, especialmente considerando que...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...