CTO: Trials vs. Mundo Real

A intervenção percutânea coronariana das oclusões totais crônicas (CTO) é atualmente indicada para melhorar os sintomas devido ao fato de os estudos apresentarem uma inadequada randomização dos dados, o que impede uma avaliação sobre resultados duros. No entanto, a inclusão de pacientes em ensaios controlados randomizados tem sido um desafio, especialmente para os pacientes muito sintomáticos e de maior risco. Isso faz com que os estudos randomizados sobre CTO estejam sujeitos a vieses de seleção. 

CTO: Trials vs Mundo Real

O objetivo desta metanálise foi avaliar as diferenças entre os pacientes com CTO no mundo real vs. aqueles que foram incluídos em estudos randomizados. 

Os resultados foram avaliados mediante a inclusão do sucesso do procedimento, mortalidade intra-hospitalar, IAM, eventos cardiovasculares maiores (MACE) e tamponamento cardíaco. O sucesso do procedimento foi definido como sucesso técnico (< 30% de estenose residual com fluxo TIMI 3) sem MACE. 

Foram analisados 6 estudos randomizados controlados que comparavam ATC com CTO vs. tratamento médico (n = 1047) e 10 registros dedicados a CTO (n = 76.467), além de 5 registros nacionais (n = 110.349). Os pacientes incluídos nos estudos randomizados incluíam mais homens e apresentavam uma tendência de menor comorbidades como diabetes, hipertensão, doença arterial periférica, IAM prévio, ATC prévia e CRM prévia. Além disso, os pacientes eram submetidos a intervenções com maior tempo de fluoroscopia e uso de maior quantidade de substância de contraste. 

O sucesso do procedimento foi significativamente menor nos registros nacionais em comparação com os estudos randomizados (63,9% vs. 84,5%, diferença relativa de 24,4%). Contudo, os estudos randomizados apresentavam maior risco de eventos intra-hospitalares, incluindo morte (1,3% vs. 0,6%, diferença relativa de 52,3%), MACE (7,9% vs. 1,5%, diferença relativa de 81,0%), IAM (5,9% vs. 1,0%, diferença relativa de 83,1%) e tamponamento cardíaco (0,9% vs. 0,3%, diferença relativa de 66,7%). 

Leia também: Deformação longitudinal de um stent com a técnica de POT.

Ao comparar-se os pacientes de estudos randomizados vs. os registros dedicados a CTO, os pacientes incluídos nos estudos tinham CTO mais curtas e baixo escore de J-CTO (2,0 – 1,1 vs. 2,3 – 1,2, diferença relativa de 13,0%). Apesar de o sucesso do procedimento ter sido similar entre os dois grupos (84,5% vs. 81,4%), os pacientes incluídos nos estudos novamente apresentaram maior risco de eventos intra-hospitalares (morte, MACE, IAM e tamponamento cardíaco).

Conclusão

Os pacientes incluídos nos estudos randomizados apresentavam menor perfil de risco e menor complexidade das lesões que os dos registros do mundo real. A evidência atual dos estudos randomizados controlados poderia não ser representativa dos pacientes do mundo real e deve ser interpretada levando em conta essa limitação. Os operadores dedicados a CTO têm significativamente mais sucesso e menos complicações que os operadores não dedicados a este tipo específico de intervenção. 

Dr. Andrés Rodríguez

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Comparative Analysis of Patient Characteristics in Chronic Total Occlusion Revascularization Studies Trials vs Real-World Registries.

Referência: Michael Megaly, MD  et al J Am Coll Cardiol Intv 2022;15:1441–1449.


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