O TAVI já demonstrou sua segurança e eficácia, mas um dos desafios que ainda apresenta são os distúrbios de condução, como a necessidade de marca-passo ou o aparecimento de novo bloqueio completo do ramo esquerdo (BCRE). Na atualidade, este último tem um índice que oscila entre 11% e 19%, aproximadamente.
50% dos BCRE se revertem nas primeiras 24 ou 48 horas após o implante, mas se for definitivo, há evidência contundente de que afetaria o paciente de maneira deletéria, aumentando a morbidade e a deterioração da função ventricular.
No presente estudo foram incluídos 612 pacientes nos quais foi implantada uma válvula SAPIEN 3 (S3) entre 2015 e 2018 na Cleveland Clinic. Dentre eles, 70 apresentaram BCRE (11,4%).
A idade média foi de 80 anos, 54% da população era do sexo masculino, 89% apresentava hipertensão, 2% diálise, 27% ATC, 20% CRM, 12,9% AVC e 37% DPOC. A fração de ejeção estava conservada.
O STS de mortalidade foi de 5,7%.
Os pacientes que desenvolveram novo BCRE apresentaram uma QRS maior (97,3 ± 9,9 vs. 93,5 ± 10,9 ms; p = 0,005) e uma maior profundidade do implante (3,5 ± 2 vs. 2,2 ± 1,8 mm; p < 0,001) e receberam com maior frequência uma válvula de 29 mm (41,4% vs. 22,3%; p = 0,003).
A estadia hospitalar foi maior entre os pacientes que desenvolveram novo BCRE.
Em 30 dias e em um ano a necessidade de marca-passo definitivo foi maior nos pacientes que apresentaram novo BCRE (18,6% vs. 5,4%; p < 0,001 e 23,2% vs. 7%; p < 0,00, 30, respectivamente).
Não houve diferenças em termos de mortalidade em 30 dias, 1 ano e 3 anos, que foi o período de seguimento.
Em 12 meses as internações por insuficiência cardíaca foram maiores naqueles que desenvolveram novo BCRE (10,7% vs. 4,4%; p = 0,033)
A fração de ejeção do ventrículo esquerdo em 30 dias e em 1 ano foi menor naqueles que desenvolveram novo BCRE (55,9 ± 11,4% vs. 59,3 ± 9%; p = 0,026; e 55 ± 12% vs. 60,1 ± 8,9%; p = 0,002, respectivamente). Isso foi independentemente de terem apresentado uma fração de ejeção > ou < 50%, bem como do volume indexado do fim de diástole (51,4 ± 18,6 vs. 46,4 ± 15,1 ml/ M2; p = 0,036) e do volume indexado de fim de sístole (23,2 ± 14,1 vs. 18,9 ± 9,7 ml/m2; p = 0,009).
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Na análise de regressão multivariada a profundidade do implante foi o único preditor de novo bloqueio do ramo esquerdo.
Conclusão
O novo BCRE após o TAVI com SAPIEN 3 se associou a maior necessidade de marca-passo definitivo, pior função ventricular esquerda, volumes ventriculares maiores e um incremento das hospitalizações por insuficiência cardíaca sem diferença em termos de mortalidade.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Clinical and echocardiographic outcomes with new‐onset left bundle branch block after SAPIEN‐3 transcatheter aortic valve replacement.
Referência: Yasser M. Sammour, et al. Catheter Cardiovasc Interv. 2023;101:187–196.
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