Subanálise IN.PACT | Devemos começar a utilizar com maior frequência os DCB no território femoropoplíteo?

Com os novos dispositivos (balões eluidores de fármacos – DES –, stents eluidores de fármacos e aterótomos) o tratamento percutâneo passou a ser a primeira linha de abordagem no território femoropoplíteo, especialmente quando não se trata de oclusões totais muito longas. 

ELUVIA: DES en territorio femoropoplíteo con lesiones complejas

Dispomos, atualmente, de estudos randomizados e registros sobre o uso de balões recobertos de fármacos (DCB) em território femoropoplíteo, mas sua evolução para além dos 2 ou 3 anos não está bem analisada. 

O presente estudo é uma subanálise do estudo IN.PACT, que fez foco em uma população asiática de 114 pacientes (7,42%) dos 1535 incluídos. 

O desfecho de segurança (DP) foi uma combinação de ausência de mortalidade relacionada com o dispositivo em 30 dias e ausência de amputação maior e TLR dirigida pela clínica em 60 meses. 

A idade média foi de 67 anos, 87% da população estava composta por homens, 78% apresentavam hipertensão, 55% tinham diabete, 12,3% apresentavam diabete e eram dependentes de insulina, 30% eram tabagistas, 19,8% apresentavam deterioração da função renal, 8,8% iam a diálise, 39,5% tinham doença infrapatelar e 5,3% amputação prévia. 

93% dos pacientes estavam em classe funcional 2 ou 3 de Rutherford; o ABI era de 0,61.

Leia também: Miocardiopatia obstrutiva hipertrófica refratária: miomectomia ou ablação septal?

27% foram reestenose intrastent, 6% calcificação severa, 54% oclusões totais, 90% diâmetro da estenose e comprimento de 174 mm.

16% dos pacientes requereram stent por apresentar lesão residual > 50%, dissecções que comprometiam o fluxo ou um gradiente > 10 mmHg, com um comprimento do stent provisional de 156,1 mm. 

Em 60 meses, o DP foi de 76%, a ausência de TLR dirigida pela clínica foi de 77,1% (95% CI: 67,0% a 84,5%) e o aparecimento do primeiro episódio de TLR dirigida pela clínica foi em 155 ± 49 dias.

Não houve mortalidade relacionada com o dispositivo em 30 dias. 

Leia também: FRAME-AMI: FFR vs. angiografia do vaso não culpado na SCA.

A presença de MAE ou mortalidade por qualquer causa em 5 anos foi de 38,1% e 19,9%, respectivamente. Nenhum paciente apresentou amputação e somente um apresentou trombose. 

Todos os pacientes melhoraram a classe funcional da claudicação. Além disso, mais da metade não apresentaram claudicação e apresentaram melhora em sua qualidade de vida.  

Conclusão

Esta análise do IN.PACT Global Study em uma população da Ásia demonstrou resultados consistentes com os dados informados anteriormente do IN.PACT Admiral. Os dados confirmam a efetividade clínica duradoura e a segurança dos DCB em 5 anos para a doença aterosclerótica femoropoplítea nessa população do “mundo real”.

Dr. Carlos Fava - Consejo Editorial SOLACI

Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Long‐term outcomes after paclitaxel‐coated balloon angioplasty of femoropopliteal arteries in Asian patients of the IN.PACT Global Study.

Referência: Young‐Guk, et al. Catheter Cardiovasc Interv. 2022;100:1273–1283.


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