Endarterectomia carotídea vs. angioplastia carotídea em pacientes sintomáticos e assintomáticos: resultados em 30 dias

A doença carotídea extracraniana representa entre 15% e 20% de todos os casos de acidente vascular cerebral (AVC). A revascularização carotídea desempenha um importante papel na prevenção primária e secundária de eventos cerebrovasculares. Duas estratégias de revascularização comuns são a endarterectomia carotídea (CEA) e a angioplastia carotídea com stent (CAS), tendo sido ambas objeto de vários estudos comparativos para análise de seus resultados. Nos últimos anos, as complicações associadas à CAS têm diminuído graças aos avanços técnicos, à maior experiência dos operadores e ao melhor design dos stents, bem como às estratégias de intervenção. 

O objetivo deste estudo multicêntrico e retrospectivo foi comparar os resultados em 30 dias em termos de AVC, infarto agudo do miocárdio (IAM), morte e acidente isquêmico transitório (AIT) entre CEA e CAS, tanto em pacientes assintomáticos como sintomáticos. 

O desfecho primário (DP) foi o risco combinado de AVC ipsilateral, IAM, AIT ou morte em 30 dias, ao passo que o desfecho secundário (DS) incluiu o sucesso técnico e a duração da estadia hospitalar. 

De uma coorte de 1100 pacientes, 55% foram submetidos a CEA e 45% a CAS. Em ambos os grupos, houve uma predominância de homens com uma média de idade de 73 anos. Os pacientes submetidos a CAS tendiam a ter significativamente mais fatores de risco cardiovascular, incluindo doença coronariana (p < 0,001) e doença renal crônica (ERC) (P < 0,001), e também menos probabilidades de apresentar sintomas no momento da apresentação (p < 0,001), com menos placas calcificadas (p < 0,01), mas apresentavam estenose significativamente maior (p < 0,001) e placas ulceradas (p < 0,001). 

Realizou-se uma análise de propensão para homogeneizar as amostras, avaliando-se 269 pacientes no grupo CEA e 269 no grupo CAS. A maioria dos pacientes eram assintomáticos (85%). Registraram-se 6 AVC menores (2 em CEA e 4 em CAS), todos em pacientes assintomáticos. Entre os pacientes sintomáticos, registrou-se um IAM (no grupo CEA) e uma morte (no grupo CAS). Não houve diferenças significativas na combinação de AVC, IAM e morte na comparação entre as duas técnicas de revascularização (p = 1) nem de acordo com a presença de sintomas (p = 0,44). 

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O sucesso técnico foi de 100%. A estadia hospitalar foi significativamente mais curta entre os pacientes assintomáticos tratados com CAS em comparação com os que foram tratados com CEA (p = 0,05). Entretanto, não foram registradas diferenças entre os pacientes sintomáticos (p = 0,32).

Conclusão 

Nesta coorte de pacientes, o tratamento com CAS mostrou resultados similares ao tratamento com CEA em termos de AVC, IAM e morte em 30 dias. 

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Thirty-day outcomes of carotid endarterectomy versus carotid artery stenting in asymptomatic and symptomatic patients: a propensity score-matched analysis.

Referência: Alberto Bramucci et al EuroIntervention 2024;20: e445-e452.


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