Balão eluidor de paclitaxel. Mais efetivo na reestenose de BMS que de DES.

Título original: A multicenter randomized comparison of paclitaxel-coated balloon catheter with conventional balloon angioplasty in patients with bare-metal stent restenosis and drug-eluting stent restenosis. Referência: Seiji Habara et al. Am Heart J 2013;166:527-533.e2.

Os balões eluidores de paclitaxel têm surgido recentemente como uma opção para tratar a reestenose intrastent tanto de stents convencionais (BMS) como farmacológicos (DES).

Este trabalho randomizou 2:1 pacientes com reestenose intrastent de BMS ou de DES (eluidores de sirolimus, zotarolimus ou everolimus) a angioplastia com balão liberador de paclitaxel (SeQuent Please balloon catheter; B. Braun Melsungen AG, Vascular Systems, Berlin, Germany) vs balão convencional. O objetivo primário do estudo foi um combinado de morte cardíaca, infarto e revascularização do vaso alvo aos 6 meses, momento no qual estava programado, por protocolo, o seguimento angiográfico.

O estudo incluiu 208 pacientes (137 receberam balão farmacológico e 71 balão convencional). Do total, 123 lesões eram por reestenose de BMS e 90 por reestenose de DES. O tipo de reestenose intrastent foi similar em ambas ramas de tratamento.

A incidência do critério de avaliação combinado foi de 6.6% para o grupo de balão farmacológico vs 31% para balão convencional (p<0.001). Esta diferença foi devida à revascularização do vaso alvo já que não foram observadas mortes ou infartos em nenhum grupo.

No grupo balão farmacológico a reestenose no seguimento angiográfico resultou de 1.1% para os pacientes que tinham previamente um BMS vs  9.1% para os que tinham um DES (p=0.04). Isto apesar dos BMS terem normalmente reestenoses mais extensas e difusas que os DES. A perda tardia de lúmen com balão farmacológico foi menor nos BMS que nos DES (0.05 ± 0.28 mm vs 0.18 ± 0.38mm respectivamente; p=0.03).

Conclusão:

Os balões eluidores de paclitaxel outorgam melhores resultados angiográficos e clínicos que os balões convencionais em pacientes com reestenose intrastent, tanto de stents convencionais como farmacológicos

Comentário editorial:

Chama a atenção que ainda é utilizado como grupo controle ao balão convencional para tratar reestenose intrastent. Após o ISAR-DESIRE ficou claro que um DES era o melhor para a reestenose de um BMS, ficando algumas incógnitas todavia para a reestenose dos DES (ex. mesma droga ou uma diferente testado no ISAR-DESIRE 2). Apesar disso, o ISAR-DESIRE 3 também incluiu uma rama com balão convencional do mesmo modo que este estudo.

Além da esperável superioridade do balão farmacológico, é importante notar a diferente resposta ao mesmo quando se trata um BMS ou um DES com reestenose. 

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