Cirurgia não cardíaca com revascularização incompleta se associa a eventos

Este trabalho apresentado na American Heart Association Scientific Sessions 2016 e publicado simultaneamente no Journal of the American College of Cardiology mostrou que a revascularização incompleta se associa a um risco incrementado de eventos adversos cardíacos, particularmente de infarto, em pacientes que posteriormente devem ser submetidos a uma cirurgia não cardíaca.

 

Os pacientes com revascularização incompleta (definida como uma lesão ≥ 50% no tronco da coronária esquerda ou ≥ 70% em qualquer outro vaso epicárdico maior) têm 19% mais de risco de eventos em 30 dias quando afrontam uma cirurgia não cardíaca que aqueles com revascularização completa (p = 0,05).

 

A diferença foi basicamente conduzida por um aumento de 37% no risco de infarto (p = 0,01). Por cada vaso deixado sem revascularizar o risco de infarto perioperatório aumentou 17% (p < 0,001).

 

O trabalho incluiu 12.486 pacientes que receberam angioplastia e subsequentemente foram submetidos a uma cirurgia não cardíaca. Desses pacientes, 35% chegou à sala de cirurgia com revascularização incompleta.

 

A evidência prévia é a do estudo CARP (Coronary Artery Revascularization Prophylaxis), que incluiu 5.859 pacientes com uma cirurgia não cardíaca programada e que receberam revascularização antes da cirurgia.

 

No estudo CARP, a revascularização não mudou os eventos a longo prazo, motivo pelo qual o consenso foi minimizar a revascularização prévia a uma cirurgia. O problema é que o estudo CARP foi publicado há uma década.

 

No novo trabalho, os investigadores encontraram uma interação significativa com o momento da cirurgia não cardíaca. Aqueles que foram submetidos à cirurgia não cardíaca antes das 6 semanas da angioplastia com revascularização incompleta tiveram 84% mais de risco perioperatório de infarto que aqueles que se operaram nos mesmos tempos mas que foram revascularizados de forma completa.

 

Não se observou um risco maior de infarto naqueles pacientes operados depois das 6 semanas da realização da angioplastia.

 

Uma das limitações do estudo é que não se pôde determinar o tipo de infartos que ocorreram no pós-operatório. Poderiam ser tanto elevações de troponina quanto rupturas de placa ou trombose de stent.

 

Título original: Incomplete revascularization is associated with an increased risk of major adverse cardiovascular events among patients undergoing noncardiac surgery.

Apresentador:  Armstrong EJ.


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