Trombose muito tardia: plataformas bioabsorvíveis vs. stents metálicos eluidores de everolimus

Trombose muito tardia: plataformas bioabsorvíveis vs. stents metálicos eluidores de everolimusO objetivo deste trabalho foi comparar após 2 anos os resultados das plataformas bioabsorvíveis (BVS) e dos stents metálicos eluidores de everolimus (EES) devido ao fato de a trombose muito tardia (trombose para além de um ano) ser um ponto de preocupação nos novos dispositivos.

 

Esta metanálise foi realizada com base em 24 estudos (BVS: n = 2.567 e EES: n = 19.806) que reportaram os resultados de 2 anos de ambos os dispositivos e comparou-se o risco de trombose e de falha da lesão alvo levando em conta 7 estudos comparativos (3 randomizados e 4 observacionais). Para estimar a incidência dos eventos foram utilizados os outros 17 estudos de um só braço.

 

Nos 7 estudos comparativos observou-se que o risco de trombose muito tardia entre o primeiro e o segundo ano é numericamente maior para as BVS que para os EES (OR: 2,03, IC 95%: 0,62 a 6,71).

 

O excesso de risco de trombose das BVS em relação aos EES em 2 anos foi significativo (OR: 2,08, IC 95%: 1,02 a 4,26). O mesmo não ocorreu com a falha da lesão alvo que foi muito similar entre ambos os dispositivos.

 

Conclusão

Nesta metanálise, as plataformas bioabsorvíveis estiveram associadas a uma maior taxa de trombose muito tardia e trombose global em 2 anos em comparação com os stents metálicos eluidores de everolimus. 

 

Comentário editorial

Uma metanálise prévia realizada pela equipe do Dr. Salvatore Cassese e publicada no The Lancet em 2015 evidenciou maiores taxas de trombose (0,5% vs. 1,3%) e de perda luminal no grupo BVS. Este novo trabalho ratifica o publicado anteriormente. Esperava-se que as vantagens teóricas dos BVS aparecessem muitos anos depois de sua colocação. Apesar disso, até o momento ditos dispositivos não demonstraram ser superiores ao DES.

 

Título original: Very Late Scaffold Thrombosis of Bioresorbable Vascular Scaffold. Systematic Review and a Meta-Analysis.

Referência: Toshiaki Toyota et al. J Am Coll Cardiol Intv 2017;10:27–37.


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