A melhor opção de revascularização em doenças carotídeas e coronarianas severas

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

 A melhor opção de revascularização em doenças carotídeas e coronarianas severasA doença carotídea é uma causa importante de AVC e está associada à doença coronariana. A estratégia de escolha não é clara quando coexiste em pacientes que devem receber cirurgia de revascularização miocárdica e não se pode esperar um mês mais para revascularizar a carótida.

 

O objetivo deste estudo foi comparar a evolução de três estratégias de revascularização carotídea e cirurgia de revascularização miocárdica na mesma internação:

  • endarterectomia carotídea (CEA) e cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) simultânea (CEA + CRMS),
  • CEA mais CRM em dois tempos (CEA + CRM2),
  • angioplastia carotídea (CAS) mais CRM em dois tempos (CAS + CRM2).

 

Os dados foram obtidos da base nacional dos Estados Unidos entre 2004 e 2012.

 

Foram incluídos 22.501 pacientes, dos quais 15.402 (68,4%) receberam CEA + CRMS, 6.297 (28%) CEA + CRM2 e 802 (3,6%) CAS + CRM2. Os pacientes que receberam CAS + CRM2 apresentaram mais frequentemente hipertensão arterial, diabetes, complicações relacionadas à diabetes, anemia, doença pulmonar obstrutiva crônica, obesidade, deterioro renal e angioplastia coronariana prévia.

 

O risco ajustado de morte foi maior nos dois grupos que receberam CEA, enquanto que o risco de AVC foi maior nos que receberam CAS. Ao avaliar morte/AVC combinados, o risco foi similar para as três estratégias.

 

Para o subgrupo de octagenários e mulheres, a estratégia com CAS apresentou menor mortalidade e AVC. Para os pacientes sintomáticos, a estratégia de CAS+CRM2 se associou a melhor evolução que as outras duas estratégias, apresentando 3 vezes menos mortalidade e 4 vezes menos AVC.

 

Conclusão

Nos pacientes com doença carotídea e doença coronariana concomitante que receberam revascularização combinada, a estratégia mais utilizada foi a endarterectomia carotídea e a cirurgia de revascularização miocárdica no mesmo procedimento, seguida pela estratégia de endarterectomia e cirurgia coronariana em etapas e, por último, angioplastia carotídea e cirurgia coronariana em etapas.

 

A estratégia de angioplastia carotídea e cirurgia coronariana se associou a menor risco de mortalidade mas com maior risco de AVC. Futuras investigações são necessárias para conhecer o risco/benefício das diferentes estratégias de revascularização em pacientes de alto risco.

 

Comentário editorial

Esta análise mostra que a endarterectomia carotídea é mais utilizada. A angioplastia carotídea apresentou menor mortalidade mas esteve associada a uma taxa mais alta de AVC de forma global, embora devamos levar em consideração o fato de ter sido realizada em pacientes de maior risco.

 

Quando se analisaram populações de maior risco, a angioplastia carotídea mostrou um melhor rendimento que a endarterectomia carotídea nos pacientes com doença coronariana severa concomitante.

 

Gentileza do Dr. Carlos Fava. Fundação Favaloro, Buenos Aires, Argentina.

 

Título original: Comparison of trend and In-Hospital Outcomes of Concurrent carotid Artery Revascularization and Coronary Artery Bypass Graft Surgery. The Unites States Experience 2004 to 2012.

Referência: Feldman DN et al. J Am Coll Cardiol Interv 2017;10:286-98.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Tabagismo e seu impacto na doença cardiovascular 10 anos depois de uma angioplastia coronariana

O tabagismo é um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares ateroscleróticas. Alguns relatórios históricos sugeriram, no entanto, um menor...

Jejum vs. não jejum antes de procedimentos cardiovasculares percutâneos

Embora em 2017 as diretrizes da Sociedade Americana de Anestesiologistas tenham sido atualizadas para permitir a ingestão de líquidos claros até duas horas e...

Dissecção espontânea do tronco da coronária esquerda: características clínicas, manejo e resultados

Gentileza do Dr. Juan Manuel Pérez. A dissecção espontânea do tronco da coronária esquerda (TCE) é uma causa infrequente de infarto agudo do miocárdio (IAM),...

Pré-tratamento com DAPT em síndromes coronarianas agudas: continua sendo um debate não resolvido?

Na síndrome coronariana aguda (SCA), a terapia antiplaquetária dual (DAPT) representa um pilar fundamental após a intervenção mediante angioplastia coronariana percutânea (PCI), ao prevenir...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Veja as melhores imagens das Jornadas Uruguai 2025

Aproveite os melhores momentos das Jornadas Uruguai 2025, realizadas no Hotel Radisson de Montevidéu (Uruguai) nos dias 7, 8 e 9 de maio de...

Tratamento percutâneo da insuficiência mitral funcional atrial

A insuficiência mitral (IM) por dilatação atrial funcional (AFMR) é uma afecção que representa aproximadamente um terço dos casos de insuficiência mitral, associando-se com...

Tabagismo e seu impacto na doença cardiovascular 10 anos depois de uma angioplastia coronariana

O tabagismo é um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares ateroscleróticas. Alguns relatórios históricos sugeriram, no entanto, um menor...