WIN TAVI: o maior registro da atualidade de TAVI em mulheres

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

Em quase todos os estudos randomizados ou observacionais, as mulheres representam mais de 50% dos pacientes que recebem TAVI, e têm uma melhor evolução em comparação com a cirurgia. Entre as principais diferenças com os homens estão o fato de terem anéis menores, origem mais baixa das coronárias, artérias periféricas menores, maior taxa de osteoporose, fragilidade, um risco de sangramento mais elevado e um maior índice de insuficiência cardíaca.

WIN TAVI: el registro más grande de TAVI en mujeres hasta la actualidad

Foram analisadas 1.019 mulheres que receberam TAVI em 18 centros da Europa e um dos Estados Unidos.


Leia também: Dissecção coronariana em mulheres: pouco frequente e de difícil manejo”.


A idade média foi de 82,5 anos. 26,1% dos pacientes tinham diabete; 30,8% exibiam um deterioro da função renal; 22,9% apresentavam angioplastia de tronco da coronária (ATC) prévia; 20% apresentavam fibrilação atrial; 7,5% tiveram AVC prévio e 9% tinham doença vascular periférica. A fração de ejeção foi de 55,7%.

 

72,4% das pacientes tinham antecedentes de gravidez. As pacientes sem este antecedente apresentaram maior fragilidade (70% vs. 61,3%; p = 0,001), tinham mais antecedentes de tabagismo (5,4% vs. 2,5%; p = 0,02) e mais doença de tronco da coronária esquerda (8,7% vs. 4,6%; p = 0,06).

 

O EuroSCORE I foi de 17,8 ± 11,7% e o STS de 8,3 ± 7,4%.


Leia também: TAVI segundo o sexo: Teria resultados específicos em mulheres”.


O procedimento foi realizado sob anestesia local ou sedação consciente em 64,2% dos casos e em 90% deles o acesso escolhido foi o femoral. Foram utilizadas válvulas de segunda geração em 42,1% das pacientes.

 

O desfecho composto de eficácia VARC-2 para além dos 30 dias foi de 10,9% e de 16,5% em um ano. A combinação de morte ou AVC em um ano foi de 13,9%, a mortalidade cardíaca foi de 10,6% e a mortalidade por AVC foi de 2,2%. As complicações vasculares foram de 8,2% e o sangramento com risco de morte (critérios VARC) foi de 4,5%.

 

A presença de regurgitação paravalvar moderada a severa por eco-Doppler foi de 9,7%; o número de arritmias ou novos transtornos de condução foi de 22,8%; a nova fibrilação atrial foi de 3,6% e a necessidade de marca-passo definitivo foi de 12,7%. A re-hospitalização por insuficiência cardíaca ou por sintomas relacionados à válvula ocorreu em 3,2% dos casos.


Leia também: Devemos levar em consideração a isquemia crítica de MM II no TAVI”.


As mulheres com antecedentes de gravidez apresentaram uma menor tendência de morte e AVC.

 

Os preditores de morte e AVC em um ano foram: o EuroSCORE I, a ATC prévia e a fibrilação atrial.

 

Conclusão

Este é o primeiro registro contemporâneo que inclui mulheres de alto risco ou risco intermediário para TAVI. Em um ano, dito registro apresentou 16,5% de desfecho de eficácia composta VARC-2, onde o EuroSCORE I foi preditor independente de desfecho de eficácia VARC-2 e o EuroSCORE I, a fibrilação atrial e a ATC prévia foram preditores de morte e AVC em um ano.

 

Comentário

Este é o primeiro registro contemporâneo que avalia as mulheres que recebem TAVI, demonstrando que esta última é uma estratégia segura e eficaz (apesar de as apresentarem características basais e morfológicas próprias do gênero).

 

Além disso, outro dado importante é que nas mulheres o risco de complicações vasculares e sangramento é aceitável e a presença de regurgitação é baixa (sobretudo se consideramos que em menos da metade foram utilizadas ).

 

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

 

Título original: 1-Year clinical outcome in Women After Trancatheter Aortic Valve Replacement Results from the First WIN-TAVI Registry.

Referência: Alaide Chieffo, et al. JACC Cardiovas Interv 2018;11:1-12.


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