ESC 2018 | MATRIX: Superioridade do acesso radial em um ano

A via de acesso radial deve ser a primeira opção em pacientes cursando uma síndrome coronariana aguda, ao passo que a bivalirudina não mostrou nenhum benefício.

MATRIX: Superioridad del acceso radial al añoO seguimento a longo prazo do estudo MATRIX (Minimizing Adverse Hemorrhagic Events by Transradial Access Site and Systemic Implementation of Angiox) confirma os resultados obtidos em 30 dias: o acesso radial chegou para ficar e todos os operadores deverão se adaptar a este paradigma.

 

Em um ano, do mesmo modo que em 30 dias, não se observou uma diferença significativa em termos de eventos cardiovasculares maiores entre os dois acessos (RR 0,89; IC 95% 0,80-1,00). No entanto, observou-se uma diferença significativa em eventos adversos clínicos puros (com uma redução de 13% do risco relativo), que se define como uma combinação de sangramento maior não relacionado com a cirurgia e eventos cardiovasculares maiores.


Leia também: ESC 2018 | ASCEND: Aspirina para prevenção primária em diabéticos não supera o custo/benefício.


Esta informação do MATRIX, somada a uma grande metanálise recentemente publicada que mostrou a redução da mortalidade em 30 dias fazem da artéria radial a via de acesso de escolha em pacientes cursando uma síndrome coronariana aguda.

 

Em 2017 os guias já tinham sido atualizados, dando ao acesso radial uma indicação classe I para os pacientes que recebem angioplastia primária.

 

O outro ponto deste estudo foi o uso de bivalirudina vs. heparina e inibidores da glicoproteína IIBIIIA (estes últimos a critério do operador e não de forma sistemática). A análise incluiu 3.603 pacientes e em um ano foram confirmados os resultados análogos publicados do seguimento de 30 dias: a bivalirudina não é superior em termos de redução de eventos isquêmicos ou da combinação de eventos isquêmicos e sangramentos para além do acesso utilizado. Um dado a favor da bivalirudina é que a mesma reduziu em 16% o sangramento, o que inclui uma redução de 32% dos sangramentos BARC 3 ou 5 (sangramento maior relacionado à cirurgia).


Leia também: ESC 2018 | MARINER: Rivaroxabana como tromboprofilaxia após uma hospitalização.


A contrapartida ao sangramento, entretanto, é um aumento da trombose definitiva com bivalirudina (RR 1,72; 95% CI 1,02-2,91) que foi consistente em todos os estudos, mas que foi se reduzindo com o tempo, possivelmente devido aos novos e mais potentes inibidores do receptor P2Y12 administrados o mais precocemente possível e ao fato de ter se tentado manter a infusão de bivalirudina após a angioplastia.

 

Título original: Radial versus femoral access and bivalirudin versus unfractionated heparin in invasively managed patients with acute coronary syndrome (MATRIX): final 1-year results of a multicenter, randomized, controlled trial.

Referência: Apresentado por Marco Valgimigli no ESC 2018 de Munique e publicado simultaneamente no The Lancet.

 

MATRIX-presentacion


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Evolução das válvulas balão-expansíveis pequenas

Os anéis aórticos pequenos (20 mm) têm se constituído em um verdadeiro desafio, tanto em contexto de cirurgia como em implante percutâneo da valva...

TCT 2024 | FAVOR III EUROPA

O estudo FAVOR III EUROPA, um ensaio randomizado, incluiu 2000 pacientes com síndrome coronariana crônica ou síndrome coronariana aguda estabilizada e lesões intermediárias. 1008...

TCT 2024 – ECLIPSE: estudo randomizado de aterectomia orbital vs. angioplastia convencional em lesões severamente calcificadas

A calcificação coronariana se associa à subexpansão do stent e a um maior risco de eventos adversos, tanto precoces quanto tardios. A aterectomia é...

TCT 2024 | Utilização de balões recobertos de fármacos para o tratamento do ramo lateral em técnica de stent provisional

Em certas ocasiões o tratamento das bifurcações coronarianas mediante a técnica de stent provisional requer a colocação de um stent no ramo lateral, o...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Evolução das válvulas balão-expansíveis pequenas

Os anéis aórticos pequenos (20 mm) têm se constituído em um verdadeiro desafio, tanto em contexto de cirurgia como em implante percutâneo da valva...

TCT 2024 | Estenose aórtica severa assintomática, que conduta devemos adotar?

Aproximadamente 3% da população com mais de 65 anos apresenta estenose aórtica. Os guias atuais recomendam a substituição valvar aórtica em pacientes com sintomas...

TCT 2024 | FAVOR III EUROPA

O estudo FAVOR III EUROPA, um ensaio randomizado, incluiu 2000 pacientes com síndrome coronariana crônica ou síndrome coronariana aguda estabilizada e lesões intermediárias. 1008...