Ambos os estudos fizeram seguimento por mais de 5 anos de pacientes com estenose aórtica severa que tinham recebido implante percutâneo da valva aórtica (TAVI). Os dois revelaram uma taxa muito baixa de degeneração ou falha significativa das válvulas.
Embora os dados de longo prazo sobre a degeneração das válvulas implantadas por cateter sejam escassos, o seguimento do NOTION em pacientes de baixo risco e do registro UK TAVI sugerem que o deterioro e a degeneração das valvas para além dos 5 anos é muito baixo.
Esta é uma excelente notícia, sobre tudo para o NOTION que incluiu pacientes de baixo risco.
Estes dois novos estudos (recentemente publicados no Jornal of the American College of Cardiology) nos lançam algo de luz sobre o tema da degeneração valvar 6 anos após a randomização para o NOTION e uma média de 5,8 (intervalo 5 a 10 anos) para o registro UK TAVI.
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Segundo os especialistas estes dados não fazem mais que afirmar a informação clara que tínhamos do seguimento de 5 anos do PARTNER I, embora trate-se de outras gerações de dispositivos.
Com a informação que temos hoje, inclusive poderíamos chegar a dizer que não há nenhum dado que faça pensar que uma válvula implantada por cateter tenha uma duração diferente de uma biológica cirúrgica.
O NOTION randomizou pacientes de baixo risco para TAVI (n = 139) com a prótese autoexpansível CoreValve vs. cirurgia (n = 135). Em 6 anos de seguimento a mortalidade por qualquer causa foi similar (TAVI 42,5% vs. cirurgia 37,7%; p = 0,58).
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A degeneração valvar moderada/severa ocorreu em 24% dos pacientes que foram submetidos a cirurgia em comparação com apenas 4,8% dos randomizados a TAVI. A falha da válvula, definida como morte relacionada, reinternação sobre a válvula ou deterioro hemodinâmico severo pela degeneração foi similar entre os dois métodos (6,7% vs. 7,5%; p = 0,89), da mesma forma que a endocardite (5,9% vs. 5,8%). Não se observou nenhum caso de trombose clínica.
Algumas limitações do NOTION estão relacionadas com o fato de haver sido utilizada ecografia em vez de tomografia para definir o tamanho do anel e com o uso de determinados algoritmos para evitar a incompatibilidade da prótese.
No registro UK TAVI observou-se a durabilidade de 149 pacientes tratados com CoreValve, 80 tratados com Sapien/Sapien XT, 4 pacientes com Portico e em 8 não se registrou o tipo de prótese.
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Globalmente a incidência moderada foi de 8,7%, sendo mais da metade destes casos por nova insuficiência e 43% por reestenose. 60% dos pacientes com degeneração moderada tinham recebido a válvula autoexpansível, ao passo que em 38% dos pacientes implantou-se a válvula expansível por balão. O tempo médio para a degeneração foi de 6,1 anos.
Ambos os trabalhos trazem boas notícias, mas estudos de longo prazo devem ser realizados, particularmente para tomar a decisão de que tipo de tratamento vamos indicar aos pacientes de baixo risco.
Título original: Long-term durability of transcatheter aortic valve prostheses.
Referência: Blackman DJ et al. J Am Coll Cardiol. 2019;73:537-545.
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