Já faz algum tempo que o paradigma dos betabloqueadores pós-infarto vem sendo questionado e a realidade é que seu benefício não está claro uma vez transcorridos 3 anos do evento. Sua indicação a longo prazo é particularmente controversa nos adultos idosos e este estudo recentemente publicado no Circ Cardiovasc Qual Outcomes nos lança algo de luz sobre o tema.
Utilizando o registro CRUSADE foram seguidos 6.893 pacientes ≥ 65 anos com antecedente de infarto que tinham recebido alta com indicação de betabloqueadores e sobreviveram mais de 3 anos sem novos infartos. O objetivo do seguimento era avaliar o uso dos betabloqueadores e as doses (sem betabloqueadores, <50% e ≥ 50% do objetivo recomendado).
Após 3 anos, 72,2% dos pacientes continuavam tomando betabloqueadores. Dentre eles, 43% estavam sendo tratados com mais de 50% do objetivo de dose.
O uso de betabloqueadores não se associou a uma diferença significativa no desfecho combinado (mortalidade por qualquer causa, hospitalização por infarto recorrente, AVC ou insuficiência cardíaca) nos 5 anos posteriores ao corte de 3 anos desde o evento (52,4% vs. 55,4%; HR 0,95; IC 95%, 0,88-1,03; p = 0,23). Nem as doses baixas (< 50% do objetivo) nem as altas (≥ 50 do objetivo) se associaram a uma diferença significativa do risco comparado ao não uso de betabloqueadores. Esses resultados continuaram sendo consistentes em pacientes com e sem insuficiência cardíaca ou disfunção sistólica (p para a interação = 0,3).
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Conclusão
Nesta análise observacional o uso de betabloqueadores para além dos 3 anos pós-infarto e sem importar a dose alcançada não se associou a uma redução de eventos adversos. A função do uso prolongado de betabloqueadores, particularmente em adultos idosos, necessita ser mais profundamente investigada.
Título original: Comparative Effectiveness of β-Blocker Use Beyond 3 Years After Myocardial Infarction and Long-Term Outcomes Among Elderly Patients.
Referência: Jay S. Shavadia et al. Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2019 Jul;12(7):e005103.
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