ACC 2020 Virtual | ISCHEMIA: a qualidade de vida não é um ponto menor

No estudo geral, uma estratégia invasiva seguida de revascularização (sempre que necessário fosse) vs. uma estratégia incialmente conservadora com tratamento médico ótimo foram similares em pacientes com doença coronariana estável com isquemia moderada ou severa. Um ponto secundário da análise diz respeito aos sintomas de angina e à qualidade de vida dos pacientes. 

ACC 2020 Virtual | ISCHEMIA: la calidad de vida no es un punto blando

Os sintomas anginosos, a atividade funcional e a qualidade de vida foram registrados utilizando-se o questionário de angina de Seattle (SAQ) no momento da randomização, em um mês e meio, em 3 meses e a cada 6 meses a partir daí. Esses dados foram obtidos a partir dos 2295 pacientes randomizados à estratégia invasiva e dos 2322 da estratégia conservadora. O SAQ qualifica de 0 a 100 pontos, considerando que 100 é o melhor estado de saúde. 

Em termos basais houve 35% de pacientes que não relataram sintomas anginosos no último mês. O escore no questionário de SAQ melhorou em ambas as estratégias, especialmente no princípio do seguimento, para depois aplanar um pouco a curva. Tal melhora foi superior na estratégia invasiva, inclusive na população geral, que incluiu mais de um terço dos pacientes sem angina (o que poderia diluir a diferença). 


Leia também: ACC 2020 Virtual | O controverso estudo ISCHEMIA chega finalmente a NEJM.


Se considerarmos os pacientes mais sintomáticos (angina diária ou ao menos uma vez por semana) vs. aqueles sem angina, a diferença a favor da estratégia invasiva se torna muito mais evidente. 

Conclusão

Os pacientes randomizados a uma estratégia invasiva com eventual revascularização mostraram uma melhora sintomática superior à do tratamento médico ótimo. Tal diferença – significativa mas modesta – na população geral (35% assintomáticos no momento da randomização) se magnifica quanto mais sintomáticos forem os pacientes em termos basais. 

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Título original: Health-Status Outcomes with Invasive or Conservative Care in Coronary Disease.

Referência: John A. Spertus et al. N Engl J Med 2020, article in press. 


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